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terça-feira, 7 de janeiro de 2020
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
sábado, 27 de dezembro de 2014
Ana João Rodrigues
1915
Dia lindo, eu sei
Foi quando nasci
Pois lá estava
Sei quão lindo foi
Quando puderam falar
O nome que ia ficar
Inundando corações
Com alegria e amor
Dia lindo, eu sei...
Oito de Janeiro
Foi a data escolhida
Pra começar uma vida
Num mundo de alegrias
Carregando um coração
Repleto de amor
Dia lindo, eu sei...
Eram poucos convidados
Para assistir minha chegada
Começo da minha jornada
Dia lindo, eu sei..
João Rodrigues
1916
Uns já festejavam
Com aquela inda menina
Que trouxe consigo a sim
De paz e alegria
Mesmo na ventania
De incertezas constantes
Por entre terras distantes
Seu sorriso ira abrandar
As mentes e corações
Que estivessem a sofrer
No mundo a padecer
Pela falta da razão.
Linda menina, linda
Muitos vinham me conhecer
Pareciam irem encher
De paz o seu cantil
Derramando sem funil
De abundância sem fim
Depois seguiam o caminho
Levando em seus corações
Linda menina, Linda...
João Rodrigues
1917
Vidas perdidas nas águas
Pelo ódio e o destino
Nem ouviu o som do sino
Emudecido nas águas,
Vidas interrompidas nas águas
Nem deu para avisar
Alguém que um dia amou
Se afogou lá nas águas,
Vidas jogadas nas águas
De um mar tenebroso
Na batalha sem trégua
Se findado nas águas,
Vidas sem esperança
De saber que acabou
O seu sonho de amor
Mergulhado nas águas,
Vida que continua
Há dois anos no sertão
Num coração inocente
Menina ali, Sorridente.
João Rodrigues
1918
Foi a primeira vez
Que fugi do Coronel
Com três anos de idade
Eu conheci a maldade,
Escondemos lá no mato
Fugindo do Coronel
Que matava cada um
Era grande a sua maldade,
Depois de alguns dias
Fugindo do Coronel
Fomos para outro lugar
Nos esconder da maldade,
Ali ficamos um tempo
Fugindo do Coronel
Não voltamos para casa
Consumida pela maldade,
Nesses dias de aflição
Fugindo do Coronel
Fui viver com meu avô
Assim perdi para maldade,
João Rodrigues
1919
O sol escureceu
Quando a guerra acabou
Porém a mundial
Mas no Sertão continuou.
Não parecia ter fim
A tal guerra do Coronel
Até a morte do meu pai
Dura amarga e cruel,
Queimaram a sua casa
Com tudo que ele vendia
Os jagunços do Coronel
De nada eles temiam,
Contudo naquele terror
Eu assim ia vivendo
No meio de tanto horror
Meus quatro anos chegaram,
Na casa dos meus avós
Foi aonde fui viver
Aliviando o sofrer
Da guerra do Coronel,
João Rodrigues
1920
O mundo festejava
Com grandes competições
Uns levantavam das cinzas
Deixadas pelos canhões,
Viúvas ainda esperavam
A um regresso sem fim
Do seu amor que não vinha
Pelas curvas do caminho,
Seus tristes olhares perdidos
No coração a esperança
Outros guardavam no peito
A triste dor da vingança,
Eu ainda pequena
Mas tenho lembranças perdidas
Em poucos quadros visíveis
Que me acompanha na vida,
Uma dor que nunca apaga
Como uma chama infernal
A dor triste da guerra
No coração vive o mal,
João Rodrigues
1921
De um lado eu penso
Se é do mesmo jeito
Mas nem sei que jeito
Nem sei o jeito deste
Como será o outro lado
Será do jeito que não sei,
Tudo tem outro lado
Lado de baixo e de cima
Lado da frente e de trás
Lado direito e esquerdo
Tudo tem lado
Até o lado tem lado,
A vida também tem lado
A morte o lado tem
A paz reserva o seu lado
A guerra destrói o seu lado
A ilusão é um lado
Que o homem sempre viveu,
Tem o lado da fantasia
E o lado da realidade,
João Rodrigues
1922
A água descia
Rumo ao mar sem saber
O que lá acontecer
Porém mesmo a correr
A pobre água descia,
Na montanha do destino
Ouvia o som do sofrimento
Da água o seu tormento
De não poder ficar,
Pois ela descia
Num som chocante de dor
Se transformando em vapor,
Coitada ela descia
Rumo ao caminho sem voltar
Seguindo as trilhas tortas,
E ela desceu
Deixando a montanha a chorar
Na esperança de um dia
A pobre água voltar,
João Rodrigues
1923
Vejo luzes no horizonte
Coloridas e brilhantes
Apontando o meu destino,
Não tenho como seguir
Cada luz que brilhar
No horizonte sem fim,
Sinto vontade
Mas tenho que esperar
Na hora certa,
Sem dúvida
Posso confiar em fim
Na minha estrela,
Sou uma estrela
Brilhando no céu de alguém
Contudo não sei de quem,
E quem será
Na hora certa
Essa estrela vai brilhar,
João Rodrigues
1024
Alas falam de tudo
Falam do bem e do mal
Todos falam, como falam,
Falam de suas tristezas
Falam no tom da beleza
Num tom chocante de pesar
Assim falam e falam
Falam de Deus e do outro
E como falam e falam,
Falam também de mim
Falam do que não falei
Se não falo eles falam
Prefiro não falar o que falam
Pois ouço assim falarem
Falam do que até falo,
E não importa o que falam
Pois não sabem o que falam
E não param de falar,
João Rodrigues
1925
Eu quero se é que posso
Quero dizer a você
Que viva decentemente
Ou viva como puder
Porém com honestidade
Eu quero se é que posso,
Quero deixar pra você
Uma mensagem importante
Respeite a si mesmo
Ensine o seu semelhante
Não se esqueça de levar
Um sorriso aonde for,
Respeite pra ser respeitado
Seja amigo do irmão
Não engane a ser enganado
Seja sempre positivo
Fale o que sentir na hora
Não deixe nada passar,
Ame mesmo odiado
Prometa o que puder
Não jogue o que tem fora,
João Rodrigues
1926
Nas profundezas do sonho
No abismo da mentira
No inocente olhar
De uma pobre criancinha
Esta o significado
Do estranho da vida
A criança parece saber
Da verdade e da razão
Mas não sabe falar
Para assim avisar
Ela chora o quebranto
Pelo estranho da vida,
Noite escura de céu nublado
Dá vida ao lampião
Sua tocha se perde ao longe
No estranho da escuridão
Assim é o nosso viver
No estranho da razão,
Entre o amor de dois seres
Que se conhecem no olhar
Que veio o romance perfeito,
João Rodrigues
1927
Onde estou agora
Que lugar imundo é este
Que ninguém respeita ninguém
Onde estou
É que não sei por quê
Que aqui estou,
Eu sou gente
Isso é que é ser gente
O que é gente
É isto que vejo
Por que vim parar aqui
Por que aqui estou,
Dizem que estou vivendo
Será verdade que vivo
Isto é vida
Roubando matando roendo
Aqui estou morrendo,
Não estou feliz sofrendo
Será que não foi engano
Que me mandaram pra cá
Será que fui extraviado,
João Rodrigues
1928
Não tenho palavras
Não tenho nada a dizer
Não tenho com que comparar
O seu significado
Diante do que mostrou
No seu cansado viver,
Reconheço o seu valor
Digna do meu respeito
Por ter tolerado a dor
Explodindo no seu peito
Vivendo a sua pobreza
Como se fosse nobreza,
Pois nas horas difíceis
Nunca escondeu o sorriso
Que consumia as lágrimas
Tristes do seu olhar
Seguindo a sua estrada
Sem saber aonde ia chegar,
Pois de passo em passo
E cada pegada no chão
Na vida de ilusão,
João Rodrigues
1929
Ser poeta é ser um ser
Que abraça a existência
Que vive sua presença
Em cada momento da vida
Procurando retratar
A esperança perdida,
Ser poeta é ser amigo
Mesmo do inimigo
Demonstrando seu valor
Mostrando que nossa vida
É somente poesia
De um poeta Senhor,
Ser poeta é ser mais um
Do lado de qualquer um
Procurando alegrar
Transformando em poemas
Os pedaços de dilemas
Que vivem a atormentar,
Ser poeta é ser senhor
Parceiro do Criador
Levando ensinamentos,
João Rodrigues
1930
No balanço eu me balanço
Nesta vida a balançar
Vivo no balanço do balaço
Não me canso do balanço
Eu balanço e balanço
Neste balanço, balanço,
Deito com o meu balanço
Levanto do meu balanço
Ando com o meu balanço
Repouso no meu balanço
Se canso com meu balanço
Sento no meu balanço,
Falam do meu balanço
Eu gosto do meu balanço
Desprezam o meu balanço
Adoro o meu balanço
Pois vivo do meu balanço
Assim balanço e balanço,
Querem o meu balanço
Eu de ódio me balanço
Não perco o meu balanço,
1931
Alegre e contente Cheia de fantasia
Ela não se cansa de falar
São tantas as suas ideias
Para realizarem Até esquece da vida,
Mais forte do que eu
Às vezes perde a razão
Pois eu só penso no nada
Ela é otimista
Corajosa e inteligente
Jogando qualquer partida,
Eu que sou um poeta
Que só penso em fantasia
Gosto de adolescente
De uma forma qualquer
Pois poesia é amor
O que pra mim é diferente,
Ela sabe dividir
O amor da poesia
Sabe encontrar a verdade
1932
O tal casamento
Contrato entre homens
Só para estabelecer
O rumo da geração,
Instituição dos homens
Usando o nome de Deus
Num formato de respeito,
Só entre o macho e a fêmea
Sendo marido e mulher
Um feito genial
Para cultivar a fé,
Contudo o bem e o mal
Dele aproveitou
Já se casam entre si
Usando o nome de Deus,
O alicerce da família
Virou combina sem fim
Muitas vezes bem distante
Usando o nome de Deus,
João Rodrigues
1933
O que faz sentir Conceito de gratidão
Uma do meu ventre Repleta de emoção,
Minha linda menina
Cresceu junto de mim
Repleta de emoção,
Moça bonita
Quando te vi casar
Repleta de emoção,
Mãe de muitos
Netos que me honram
Repletos de emoção,
Vovó de alguns netos
Que até me faz chorar
Repleta de emoção,
Que bom Ter a honra de te ter,
João Rodrigues
1934
Pois é assim
Mas uma dose de amor
Quanto te ame
De ter mais uma alegria
Confiada nesse dia
Ao ver e ouvir chorar.
Corpo pequeno
Cabia em minha mão
Logo estava no chão
Com sua irmã a brincar,
Como era bom
Nem precisava correr
O tempo lá decidir
O que lá acontecer,
E ele me dava
Forças pra suportar
A labuta do destino
De ver aonde chegar,
João Rodrigues
1935
E sempre assim
Todos vivem do nem.
Nem sei quantos dias foram
Nem prestei atenção
Nem vi a noite passar
Nem tomei decisão
Nem gosto de recordar
Nem controlo minha emoção,
De tantos nem que existem
Nem sei o que sou
Se ao menos não sei o quê
Só sei que não sei o quê
Quem me deixa sem saber,
Pois nem sei o que seria
Nem sei o que respondo
Quando alguém perguntar
Nem sei se vai me ouvir,
João Rodrigues
1936
Pois eu posso afirmar
Alo multo especial
Só quem teve pra saber
É grande a emoção
Não só da mãe e do pai
Que fica um pouco perdido
Ao ver o seu semelhante
Parado em sua frente
Sabendo que veio de ti
Não sabe se sorrir ou chorar
Parece estarrecido
Até perdendo os sentidos
De como se comportar,
Foi maravilhoso
Assistir a tal momento
Parecia num mundo sem vento
Tudo estava parado
Os olhos de cada um
Fitavam num mundo inocente
Que dava para se ver
Perdido em suas mentes,
João Rodrigues
1937
Tanta gente perdida
Procurando um destine
Uns seguem o som de sino
Ou a voz de pregador
Outros surdos para tudo
Vivem momentos mudas
Somente a esperar
O que nunca vai chegar,
Ou será que me enganam
Tentando me convencer
Que estão a saber
O que vai acontecer,
Como saber
Se não sei o que não sei
Ou então será que sei,
Mas o que sei
Será melhor não saber
Pois assim não vai sofrer
O meu pobre coração
Perdido na confusão,
João Rodrigues
1938
Agora eu sei
Não é igual primeiro
É Algo bem confortante
Mas não chega ser vibrante,
Não vou dizer ao contrário
É grande a emoção
Ao ver o seu irmão
Com o pai querer dizer,
Já estamos aqui amigo
Venha ver o seu abrigo
Como é aconchegante,
Tudo é maravilhoso
Você poder compartilhar
Ver aquelas coisas lindas
Buscando o seu lugar
Todos inocentes e amigos
Sem ganancia e confusão,
Sei que é o bastante
Para um ser pecador,
João Rodrigues
1939
Se encontrar alguém perdido
Mostre-lhe o caminho
Mas não vá com esse alguém
Porque você tem o seu,
Se encontrar alguém triste
Procure se alegrar
Pode chegar a sua vez,
Se encontrar alguém contente
Fique no seu lugar
Pois só se alegra consigo,
A alegria dos outros
É um abismo sem fim,
A tristeza dos outros
É um ensinamento,
A verdade é uma só
Somente a sua
Seguindo os caminhos
Em direção a Deus,
João Rodrigues
1940
Falar da vida
As vezes é confortante
Falar na vida
Já acho constrangedor
Falar de alguém
É humilhante
Falar de certa forma
É muito perigoso,
Se desejar falar
Fale de feitos
Não dos malfeitos
Só dos feitos
Feitos compensadores,
Nunca fale de tristezas
Ela não merece conceito
Arranque assim do peito
Fale das suas conquistas
Porém sem exaltação,
Fale de tudo de bom
Que vai acontecer,
João Rodrigues
1941
A guerra era mundial
Mas ela foi uma lembrança
Veio e logo e se foi
Deixando ensinamento
De que muitos não são presentes
E sim formas de vidas
Que não são para ficar
Não merecem sofrimento
Não merecem felicidade
Não merecem nada da terra
Não merecem compartilhar
Ela foi um grande susto
Foi a primeira vez que vi
Um ser chegar e partir
Assim tão de repente,
Fiquei triste, sim
Sentindo culpa por tudo
Chorei a minha perda
Mesmo sem entender,
João Rodrigues
1942
Esta foi diferente
Lhe dei o mesmo nome
Da que tinha partido
Parecia agradecer a Deus
Pelo fato acontecido
Mas não era a mesma coisa
Seu sorriso bem diferente
Seu calor era mais forte
Que pulsava em meu peito,
Foi muito bom
Muito bom para mim
Melhorou o caminho
Que eu tinha pra seguir,
Hoje eu sei
Mesmo sem entender
Que Deus é soberano
No que pretende fazer,
Não manda recado,
João Rodrigues
1943
Som de guerra em minha mente,
Contesto nesse tempo
Foi duro em assistir
Cenas de guerra em meu olhar,
Contesto nesse tempo
Até o tempo parou
Noticias de guerra chagavam,
Contesto nesse tempo
Peço para não voltar
Novas guerras em meu tempo.
Contesto todo tempo
Pra não acontecer
O que nesse tempo se deu,
Contesto meu Deus contesto
O Senhor pode mudar
Sem guerras eu te peço,
João Rodrigues
1944
Se na terra ou nos céus
Esse pacto feliz
Que nada que nos diz
Compreendemos a viver,
30 nos resta contemplar
E em nada reclamar
Pois vem chegando assim
Pra te fazer feliz,
É muito bom
Criar os inocentes
Duro é esperar crescer
Devido o longo tempo,
Contudo você aprende
Para poder ensinar
Aqueles que vai criar,
João Rodrigues
1945
Sabemos na verdade
Que já é parte de tudo
Ver cada um chegar
E os que aqui estão
Ficam felizes em ver
Mais um irmão nascer
Quanto ao pai
Nota em seu semblante
À vezes arrogante
Dominando o seu terreiro
Mas continua lutando
Para manter o seu legado
Muitas vezes já cansado
O filho chora
E ele o acalenta
Na paciência eterna
De um bom cidadão
O seu pedaço de chão,
Pois só pra esse ser
Deus concede a ele
É assim, sim,
João Rodrigues
1946
É sempre maravilhoso
Uma estrela brilhante
Estava em seu semblante
Como seu nome seria,
Por entre as outras existentes
Ela estava presente
Sempre para alegrar
Quem estivesse triste
Começavam a sorrir
Ao ver ela chegar,
Nunca consegui entender
Como é tão diferente
No meio de tanta gente
No infinito dos céus
Ela sempre persistindo,
Ela podia brilhar
Parecendo a luz do sol
Grande menina
Com sua sina traçada
De ser usada por Deus,
João Rodrigues
1947
Quanta labuta
De ouvir gritos
De responder tantas perguntas
De ser desejada
De ser duvida e certeza
De ser a única esperança
De carregar a lembrança
De quem em mim confiou,
Quanta batalha
De abraçar cada um Quando cair no chão
Quanto cansaço Quanta luta pelo pão.
Quanta alegria
Vendo tudo seguindo
Uns chegando
Outros indo
Sem nada poder fazer,
Só esperar, sim
Para ver acontecer,
João Rodrigues
1948
Eu não compreendi
Com um nome diferente.
Só para homenagear
Alguém que esteve entre a gente
Deixando sua beleza
Perdida em muitas mentes,
Contudo logo se foi
Não sei se é certo
Fazer este tipo de coisa
Dar um nome a alguém
Que um dia existiu
Porém se não soubesse
Poderia até dar certo,
Sinto saudades
Mas não tenho como voltar
Erguer aos mãos pro alto
E pedir ao Senhor,
Pedir perdão pelos meus erros
Da minha incompetência
Ou por alguém que errou,
João Rodrigues
1049
Foi sempre assim
Repleta de compaixão
Ovelha mansa
Num rebanho de emoção,
Só alegria
Nunca foi de reclamar
Sempre perto de mim
Cuidando dos meus desejos,
Uma eterna caçula
Que faz compreender
Porque cada um segue
O seu destino a sofrer,
Mas é assim
Todos com a missão
De assim levar o pão,
Vão lutar nos seus destinos
Defendendo os seus direitos
Enquanto sofre no peito
O seu pobre coração,
João Rodrigues
1950
Nada está completo
É sempre bom contemplar
Já que a emoção
Não para de crescer
Ao ver mais um chegar,
É muito gratificante
Ver os outros sorrindo
Uns já sabendo falar
Tecem seus comentários
Formando a língua eterna
Do viver com seu irmão,
Ali dá pra perceber
As diferenças contidas
Onde uns defendem
Seu canto e sua comida,
Até lutam uns com os outros
Defendendo o seu direito
Mesmo na inocência
Tem qualidades e defeitos,
Mas é bom ter mais um,
João Rodrigues
1951
Quando alguém te ama
Tudo é diferente
Você luta para ver
Este amor prosperar
Mas fica tudo diferente
Quando perto de você
Do nada parece ser
O seu fim,
É duro pra entender
Você ver esse alguém
Se definhando aos poucos
Sem nada poder fazer,
Ali está em sua frente
O ser que te amou
No seu rosto o pavor
Aterrissa sem piedade
Inundando os sentimentos
Em momentos de tormentos
Sem nada pra ser feito,
É muito sem jeito,
João Rodrigues
1952
Não consegui entender
Era pequena o singela
Vi o quanto era bola
Sei que está agora
Perdida em minha janela,
Minha janela do tempo
Que eu não pude fechar
Meus olhos pro seu sorriso
Quando foi para o viver
Na escuridão do ser
Que nem sei aonde está,
Sinto falta
De mais uma companhia
Que durou poucos dias
Mas muito me alegrou,
Adeus amor
Um dia quem sabe verei
Em outro lugar não sei
Onde irei te encontrar,
Se existe pra falar,
João Rodrigues
1953
Como foi a história
Não parecia vingar
Chegou fora do tempo
Pequeno sem esperança
Nos seus olhos sombrios
Não dava pra confiar
Pareciam estar fechados
Não paravam de chorar,
Era estranho em ver
Aquele ser sem sentido
Não era compreendido
Se ia sobreviver,
Seu choro era constante
Não parecia estancar
Era um choro sem dor
E não tinha sentimento,
Até hoje não entendo
Porque ele veio assim
Talvez me dar um recado
Que ainda não sei,
João Rodrigues
1954
Canto a minha vitória
Entre a batalha sem fim
Ergo a minha taça
Alegre ao meu formato
De compreender o meu trato
De algum trato que fiz.
Não sei se foi o que eu quis
Sei que foi misterioso
Ver o futuro chegar
Como uma fera voraz
Tentando me devorar,
Veio no furor do vento
No amor e na paixão
Na conquista dos meus bens
Em cada pedaço de chão,
Foi assim que se deu
Chorava sempre ao cair
Sorria ao me reerguer
Sem nada compreender,
Pois é assim que é,
João Rodrigues
1955
Deus avisa a gente
Mesmo com o último presente
Pois Ele me confiou
Para cuidar de mim
Quando chegasse a minha dor,
Sou feliz por todos
Por todos tenho respeito
Pois Deus faz cada um
Com qualidade e perfeito
Trazendo em seus corações
A sua ordem infinita,
Uns nascem para uma causa
Outro para uma razão
Uns até nascem sem sentido
Uns são simples e contentes
Outros porém são orgulhosos,
Outros bem misteriosos
Desses poucos que eu tive
Todos parecem iguais
Sim, são iguais a mim,
João Rodrigues
1956
Minha inesquecível roça
Como foi gratificante
Ver o milho crescer
Com aqueles pés gigantes
Enroscados pelas ramas
Do feijão catador
Com flores coloridas
Parecendo um jardim
Mangangás sobrevoando
Fazendo o seu papel
Por ordem da natureza
Tornando aquela beleza
A minha alimentação,
Não tem nem palavras
Para poder comparar
A alegria que dá
Ao andar por entre as folhas
Com o orvalho caindo
E colher a melancia
Com cores vivas do dia
Parecia a companhia
Do verdadeiro Senhor,
João Rodrigues
1957
Pude ver
Pude ter
Pude compartilhar,
Pude vender
Pude comprar
Pude doar,
Pude emprestar
Pude esquecer
Até quem me fez mal,
Pude muitas coisas
Pude contar vitórias
Fiz a minha história,
Andei feliz
Por entre estranhos
Ganhei fama,
Agora sei
O quão foi bom
Ainda agora,
João Rodrigues
1958
Quando assim um dia
Eu já não estiver
Nesta terra pra falar
Algo a meu respeito
Não quero ninguém sofrendo
Por um motivo sequer,
Se por acaso a saudade
Tocar em seu coração
Cante as suas alegrias
Dos momentos que tivemos
Não quero ninguém sofrendo
Por um motivo sequer,
Ao ver o meu retrato
Estampado em sua mente
Olhe firme em meus olhos
Estarei sempre te olhando
Não quero ninguém sofrendo
Por um motivo sequer,
Nem eu quero sofrer
Por um motivo sequer,
João Rodrigues
1959
Tudo é vago
Nada é preenchido
Tudo é oco
Até o sonho,
Hoje eu sei
Onde errei
Ou acertei,
Já não tem jeito
De consertar,
Mesmo que eu tenha
Alguma chance
Nada é seria igual,
Nem no destino
Nem na sorte
Há compreensão,
É tudo sem razão
Uma vida incerta
Só se sabe do certo
No certo momento,
João Rodrigues
1960
Relâmpagos partem os céus
Lá nos confins do sertão
Faz chorar de alegria
O homem pelo seu pão,
Nuvens grossas e escuras
Invadem o pequeno lugar
Faz chorar de alegria
O homem pelo seu pão,
O gado fica parado
Esperando a água cair
Faz chorar de alegria
O homem pelo seu pão,
A terra está molhada
Foi milagre do Senhor
Faz chorar de alegria
O homem pelo seu pão,
Pois a vida continua
Fazendo chorar de alegria
O homem pelo seu pão,
João Rodrigues
1961
Cantei com ela
Quando me encantei
Tudo era encanto
Com ela ali do meu canto
Quanto cantei,
Ainda canto por ela
Quando ela desencantou
Vejo os seus retratos
Como se estivesse cantando,
Ai eu canto
Mas num tom desconcertado
Talvez pelo meu estado
De não poder ter
Sempre ali do meu lado,
Quem comigo cantava
Está cantando
Ou quer ouvir o meu canto
Agora banhado em pranto
Comigo aqui no meu canto,
Por alguém que cantou
João Rodrigues
1962
Uma lembrança que tenho
De quando eu era criança
Seguia pelo sertão
Numa estrada de chão
Meus pés descalços sentiam
Uma grande vibração,
Perecia que lá em baixo
Alguém queria falar
Algo de muita importância
Mas não dava pra escutar,
Depois eu fui embora
Mas não esqueço o sertão
Ele está em minha história
Meus pés descalços no chão,
Sinto saudades de lá
Do caminho que andei
Dos meus pés descalços ouvindo
O que eu não escutei,
João Rodrigues
1963
Tudo dá certo
Só quando se faz o certo
Mas o que é certo
Se nem sabem o conceito,
Tudo dá certo
Quando foge do errado
Ficando longe do pecado
Quando sabe o conceito,
Tudo dá certo
Andando pela razão
Fugindo das armadilhas
Ao praticar o conceito,
Tudo dá certo
Se seguir o Senhor
Suas leis e mandamentos
Obedecendo o conceito,
Tudo dá certo,
Tendo o Senhor como certo
Sem filosofia e conceito,
João Rodrigues
1964
Tens chorado
Ou só vives a cantar,
Tens lutado
Ou só vives a reclamar,
Tens doado
Ou só vives a pedir,
Tens feito algo
Ou só vives a esperar,
O que tens
Ou nada tem,
Venha comigo
Que lhe darei O que não tem,
Siga o meu sinal
Pois lá nos céus
Terás com certeza
A vida eterna,
João Rodrigues
1965
Meu grito está perdido
Nas estradas do sertão
Meus pés torrando no chão
Meu ventre arrebentando
Pela dor do embrião,
Filhos sempre a chegar
Numa corrida sem fim
O pão pouco que me resta
Não sei o que será,
Nem preciso saber
Assim fico a pensar,
Onde estou meu Deus,
Meu grito está perdido
Na minha fé sem limite
Por mais que eu acredite
Dúvidas vem em minha mente
Será o princípio ou fim
De um grito aflito
Ao ouvir o meu grito,
João Rodrigues
1966
Sai andando, andando
Andando pela floresta
Segui um carreiro batido
Passando em malhadores
Fui andando, andando
Mas não encontrei ninguém
A mata fechada
Aqui e acolá
Tinha que parar
Cortar ramos com facão
O som ecoava distante
Na imensidão do silêncio
Até me dava medo,
Não percebia nada
A não ser o mormaço
O vento assoprava forte
Chocando as árvores nas outras
De vez em quando pássaros
Voavam desesperados,
No meio do carreiro
Via rastro de gente.
João Rodrigues
1967
Água fria em meu rosto
Que gosto dá ao sentir
O cheiro da poeira molhada
E ver a água cair
A enxurrada aos meus pés
O coração a palpitar
Querendo saltar do peito
Ao ver a chuva chegar,
Só quem estava lá pra saber
Quão grande era a emoção
Ouvir o cantar dos pássaros
Lá nos confins do sertão,
Nada no mundo é completo
Tudo vem aos pedacinhos
Como grãos de areia que formam
O solo firme dos caminhos,
Formam as encostas da serra
As planícies e os rincões
Formam as veias da terra
Que banham os corações,
João Rodrigues
1968
O homem é racional
Dominante e possessor
As vezes dono da verdade
Juiz e executor
Filho pai e irmão
Sobrinho tio e avô
Contudo se esquece de tudo
No tempo da sua dor,
O homem é racional
Decide o seu desejo
Aprova o que quer com qualquer
Aperto de mão ou um beijo
Mas nega logo em seguida
Pelo o que aconteceu
Isso é que é ser brutal
Nem mesmo um animal
Teria tal comportamento
Na hora da sua dor,
Tudo que prometeu
Não assumindo a culpa,
João Rodrigues
1969
Uma boa caçada
Numa noite de luar
O cão acua a caça,
Uma boa pesca
Numa manhã de verão
O anzol fisgando o peixe,
Uma animada festa
Sanfona fazendo dançar
A donzela e seu amor,
Um almoço inesquecível
Ao acordar da festança
Nunca sai de nossa mente,
Uma visita contente
Na casa do Criador
Nos fez ser obediente,
Um adeus para alguém
Que vai viver distante
Morando em nossas mentes,
João Rodrigues
1970
Tenho lembranças
De ver o meu gado
No verde pasto
Com muita alegria,
A tarde fria
Trazia consigo
Pro seu abrigo
O gado manso,
Noite escura
Chuva fria
Na companhia
Do meu amor,
Hoje só resta
Da grande festa
O som eterno
Que eu vivi,
Posso ouvir
A voz de todos
Na minha mente
Contente, contente,
João Rodrigues
1971
Meus pássaros cantam
Nas minhas manhãs
Meus pássaros cantam
Nas minhas tardes,
Meus pássaros cantam
Nas minhas noites
Meus pássaros cantam
Nas minhas madrugadas,
Meus pássaros cantam
Na minha tristeza
Meus pássaros cantam
Na minha saudade,
Meus pássaros cantam
Na minha solidão
Meus pássaros cantam
A minha realidade,
Meus pássaros cantam
Nas eternas laranjeiras
Que estão em meu coração
João Rodrigues
1972
O meu cavalo castanho
Quanto tempo ele viveu
Relinchando lá no pasto
Quanta alegria me deu,
Hoje fico pensando
Como haveria de ser
Se todos estivessem aqui
Alegrando o meu viver,
É grande a confusão
Que fica dentro da gente
Por não ter mais do meu lado
Quem me fez muito contente,
Não tem nada que substitui
As coisas em nossas vidas
Às vezes algo sem importância
Era o mais importante,
Tenho vontade de chorar
Mas não vou chorar
Pois que graça tem
Chorar sem ninguém,
João Rodrigues
1973
Quero lembrar também
Que nada se pode sozinho
Tem que ser sempre em dois
Como fez o Criador
Pois tudo que consegui
Foi junto ao meu companheiro
Meu único amor verdadeiro
Que Jesus me enviou,
Foi com ele que pude
Dar tudo que conseguimos
Aos nossos pequeninos
Frutos do nosso amor,
Não vou dizer que foi fácil
A batalha que travamos
Cada um lutou feroz
Conforme a sua missão,
Fizemos a nossa parte
Ficou tudo registrado
Na lembrança de muitos
O filme está gravado,
João Rodrigues
1974
Nunca pense em desistir
Lute até o fim
Não adianta fugir,
Cada um tem seu destino
Não corra do sofrimento
Nada é a contento,
Olhe pra uma estrada
Muitas curvas pra virar
Poucas retas pra seguir,
Veja a palma da mão
Com nenhuma se parece
Tudo é único,
Portanto a alegria
É a conquista da sorte
Vem inesperadamente,
Sorria enquanto puder
Pois tudo se acabará
Sem lhe dar satisfação,
João Rodrigues
1975
Minha linda canção
É algo dentro de mim
Que me dá inspiração
Pra seguir o meu caminho,
Minha canção
É algo que me conforta
Que sempre traz a resposta
Da minha dúvida constante,
Minha canção
Companheira do amor
Que toca o meu coração
Pra aliviar a saudade,
Minha canção
Amiga inseparável
De quem tem compromisso
Pra te tirar do enguiço,
Minha canção
Só ela e eu sabemos
Pra quem devemos falar,
João Rodrigues
1976
O meu rio
Meu companheiro frio
Que sempre descia,
Parecia trazer noticias
De fartura e destruição
Levando em suas águas,
Era muito confortante
Quando ia me banhar
Ficava feliz
Feliz com o meu rio,
Sei que ainda está
Lá naquele lugar
O meu rio a passar
Onde eu ia me banhar,
Meu rio
Nunca vou te esquecer
Quando via as minhas lágrimas
Se misturar com você
Meu grande amigo,
João Rodrigues
1977
Ao som de um violão
Uma festa acontecia
Lá nos confins do sertão
Dançavam com alegria
Numa cobertura de folhas
Feitas para não durar
Pois logo estariam secas
Após a festa acabar,
Sei que elas secaram
Deixando somente o chão
Com as marcas dos meus pés
Ao dançar com meu amor
Porém em minha mente
A lembrança que eu tenho
Que nunca vai apagar
Da minha mente sonolenta
Quando estávamos a dançar,
Ela continua perfeita
Uma festa aconteceu
Lá nos confins do sertão
Ela ainda acontece,
João Rodrigues
1978
Cada um tem sua história
Contando as suas vitórias
Até sem se lembrar
Dos que estavam ao seu lado
Que até carregou o seu farde
Mas fica assim esquecido
Quando o coração bandido
Está contaminado
Pelo dono do momento
Que já não tem discernimento,
Cada um com sua loucura
De nunca se convencer
De só ganhar
Para ficar bem consigo
De ter razão em tudo
Mesmo perdendo Tenta justificar
Até produz inimigos
Cada um com sua história,
Gente burra
Que não muda o seu destino,
João Rodrigues
1979
Andando por al
Num mundo de ilusão
Correndo atrás do pão
Eu segui,
Só guerras eu encontrei
Se foi certo eu não sei
Até se devia lutar,
Mas lutei
Lutei como um vencedor
Mas não sei se venci
A guerra não acabou,
Será que um dia
Isso vai acabar
Se quando a carne
Perecer na escuridão,
Não sei não
Muitos tentam dizer
Que lá depois de morrer
Esta guerra continua,
Estrada sem fim,
João Rodrigues
1980
Meu caminho está agora
Perdido na imaginação
Vejo alguém tentar passar
Mas não consegue a chorar,
Vejo as árvores caídas
Nas lembranças perdidas
Minhas e do meu amor,
Não sei onde está
Se a sorrir ou chorar
Vendo a nossa estrada,
Lá nas árvores
Interrompendo o caminho
Serpentes coloridas
Fazendo suas ninhadas,
Na minha estrada
Na vida abandonada
Por falta de mim
De mim e do meu amor,
João Rodrigues
1981
Cada coisa tem seu lugar
Seu lugar tem suas coisas
No lugar que ficam as coisas
Só é permitido coisas
Do dono do seu lugar,
No coração não há vagas
Para coisas diferentes
Só se habita uma coisa
Pro coração aceitar,
No amor nada de coisa
Tudo é verdadeiro
Nele não há dúvidas,
Na vida tem certas coisas
Que só vivendo pra saber,
Que coisa é essa,
São coisas,
Tudo não passa de coisas,
João Rodrigues
1982
Queria me ver viver
Dividir com o meu eu
Ou então compartilhar
No abismo do viver
Vender a mim o que tenho
Somando para meu bem
Ter um total de engano
Sem engano de ninguém,
Queria me ver nascer
De um ventre de ilusão
Minhas células agradecidas
Sem ver ninguém sofrer,
Queria ser enrolado
Na maciez da lã
Agraciado por um fã
Depois de uma canção,
Queria receber
No gosto ou paladar
No gesto acalentador
Cumprindo minha missão,
João Rodrigues
1983
Ano que vem
Quero estar com meu bem
Se tudo der certo
Ano que vem
Vou estar com meu bem,
Ano que vem
Sei que eu estarei
Com o meu bem
Eu sei Se tudo der certo,
Só no ano que vem
Eu estarei com meu bem
Só nós dois sem ninguém
Isso no ano que vem,
Mas ainda não tenho ninguém
Que estará comigo
Se tudo der certo
Assim será meu bem,
Quem será o meu bem,
João Rodrigues
1984
A minha casa
Desejo do mundo inteiro
Seu abrigo pra viver
Ver seu filho nascer
E ter onde ficar,
A minha casa
Um mundo dentro do mundo
Onde todos são abrigados
Lugar único de alguém
Com seus entes queridos,
A minha casa
Ouço muitos gritarem
Com força de um guerreiro
Quem manda aqui sou eu
Esta é minha casa,
A minha casa
Todos querem ter
Uma casa pra viver
E assim poder dizer
A minha casa,
João Rodrigues
1985
Nasci depois de ti
Te conheci com alguém
Senti ciúmes de ti
Ali vi que te amava
Pois já sonhava contigo
Sem saber aonde estava,
Agora que te encontrei
E já está comprometida
Não vou realizar meu sonho
Tenho que mudar de vida
Vou procurar outro alguém
Pra te dar o meu amor,
Sei que não vai ser fácil
Esquecer-me de ti
Pois quanto que já sofri
Antes de te conhecer
E depois de tudo isto
Sei que vou padecer,
Se eu pudesse ao menos
Te chamar de amor
Eu seria tão feliz
João Rodrigues
1986
Seu olhar para mim
É pura verdade
Pois sinto que o amor
Vive em seu olhar
Pois quero sempre ter
Seu olhar em meu amor,
Quando levanto e vejo
Você olhando pra mim
Descubro-me pra viver
O seu intenso carinho
Que com seu olhar
Não estou sozinho,
Na verdade o amor
Está no olhar
Pois só se ama alguém
Após o lindo olhar
Que agrada o coração
No peito a palpitar,
Com meu olhar te vejo
Comovida de paixão
Parece possuída
De desejo e emoção
Tudo pelo olhar
Que nasce do coração,
João Rodrigues
1987
Um pedido para mim
Quero sim
Pedir ao Senhor
Uma bênção para mim,
Se for possível
Me de de novo a razão
Pra eu poder ganhar o pão,
Quero viver
Com o suor do meu rosto
Bem distante do desgosto,
Um pedido para mim
Mande a sorte pro meu lado
Diminua o meu pecado,
Se não for pedir muito
Dá pra alegrar os meus dias
Me dê boas companhias,
Faça eu ver Quem é do bem,
João Rodrigues
1988
Casa da vergonha
Casa do horror
Casulo de esconder
No escuro a viver
Sem ninguém entender
Combinado de maldade,
Ovário de vermes
Feios e fedidos
Filhos de bandidos
Oráculo do inferno
Oco da podridão,
Vazio da injustiça
Véu que envolve
Vidas para o mal,
Isto aconteceu
Independente viveu,
Muitos em lamentos
Lamentos até o fim...
João Rodrigues
1989
Pode deixar comigo
Eu sei o que faço
Não tenho medo
Sou o melhor,
Saia da minha frente
Sou eu quem manda
É a minha vez Sou o melhor,
Espere aí Quero falar
Ninguém me ouve
Estou perdido
Fui o melhor,
Que vida dura
Não sou ninguém
Nem o que tenho
Fui o melhor,
O que fiz
Não vou fazer,
João Rodrigues
1990
Enquanto no seu castelo
Ouve o piano tocar
Pelas mãos da atriz
Que te chama de amor
Eu aqui na masmorra
Morrendo de tanta dor,
Enquanto você senhor
Dono de tudo que quer
Coberto de glória e poder
Não se cansa de amar
Eu aqui na masmorra
Não me canso de penar,
Enquanto em suas noites
De festa e alegria
Com seus amigos poderosos
Nos bailes de fantasia
Eu aqui na masmorra
Assombrada e fria,
Enquanto em seus planos
De mostrar o seu poder,
João Rodrigues
1991
Abra a porta
Pode me deixar entrar,
Sou seu amigo
Posso contigo cear,
Obrigado amigo
Mesmo assim sem abrir,
Vou te deixar ai
Não quero te incomodar,
Adeus se me escuta
Vivendo na escuridão,
Com quem se parece
Se não se vê no espelho,
Não deve nem ter olhos
Só deve ter o lugar,
Que bom para você
Assim não pode chorar,
João Rodrigues
1992
Multidões de perdidos
Bois soltos e vencidos
Num curral lamacento
Em um balão sem vento
De fome tristeza e dor
Sertão cruel sem anel
No dedo do defensor
Corrupto e corruptor
Banhando no mesmo no
Na mesa o prato vazio
Na ausência do doutor
Diploma comprado
Feito no ventre de alguém
Cargo encomendado
Depois da eleição.
Uns não sabem de nada
Outros não podem falar
Só lhes resta continuar
Por um rumo sem prumo
Em multidões
João Rodrigues
1993
Venha comigo
Vamos viver nossas vidas
Vamos seguir nossa estrada
Vamos andar,
Vamos seguir um caminho
Que podemos escolher
Vamos deixar de sofrer
Vamos amar,
Vamos ser compreendidos
Por onde for um sorriso
Vamos sair do abismo
Vamos cantar,
Vamos fazer a canção
No jogo de existência
Sem importar com o medo
Sem ter segredos,
Vamos meu amor
Vamos levar conosco
O preço de liberdade,
João Rodrigues
1994
Sempre em dúvida ele vai
De porta em porta batendo
A procura de trabalho
A fim de ganhar o pão
O sustento da família
E a fatia do leão,
Chega a um que não lhe serve
Vai pro outro que está fechado
De tanto andar pela rua
Seu sapato está furado
À noite chega em casa
O seu aluguel atrasado,
Nem consegue dormir
Desentende com a mulher
Quando ele vai procurá-la
Pra satisfazer a vontade
Porém não consegue nada
Numa noite atormentada,
O dia chega muito cedo
Ele sai a procurar
Como um cão perdido,
João Rodrigues
1995
Labirinto perdido
Unidade de confino
Na escuridão do destino
Grades de um sistema
De teias ali trançadas
Fechando a estrada
Agora compreendida
Por alguém competente
Reservado ao poder,
Desde a sua criação
Que maldição
Nunca vai acabar
Pois eternamente
No tempo
Está à disposição...
Para servir o doutor
A coisa feia
Otário e cheio de pompas
Brutal em suas decisões
Rude senhor de gravata
Estacionado no tempo,
João Rodrigues
1996
Sol que vive entre as nuvens
Sem brilho como a lua
Sem sentido no destino
Sem realização,
Estrada curta que chega
Esburacada e perdida
Escola de depravados
Escória de safadeza,
Meretriz de incompetentes
Matilha de usurpadores
Muralha de incerteza
Matança de inocentes,
Eu quero distância
Sim, muita distância
Pra não penar
Na pena dura
De levar a minha vida
Na ilusão
Até um dia...
João Rodrigues
1997
Antes que passa
Procure saber
Para não perder
A salvação,
Qual è sua fé
Mas se não tem
Pense em quem
Possa te dar,
Pois se perder
A nave santa
A sua banca
Chegará ao fim,
Vamos seguir
Andar num caminho
Sorrir em fim
Por ai,
Está disposto
Assuma o posto
Em sua glória,
João Rodrigues
1998
Dono do vácuo
Senhor dos montes
Rei do vazio Invencível,
Dono da força
Senhor da distância
Rei sem clemência
Suave,
Dono do dia
Senhor das noites
Rei dos abismos
Lá nos confins
Brutal,
Meu companheiro
Sempre comigo
No meu abrigo
Aliviando
A minha dor,
No teu furor
O meu desejo,
João Rodrigues
1999
Anda sempre por ai
Interpretando alguém
Sem importar no que dá
Se desgosto ou alegria
Fantasma do sonho da vida
Que nos leva,
Eu para muitos sou você
Coberto de muita razão
Sou como o entardecer
Como a noite e a escuridão
Sou um coração malvado
Que nos leva,
E quando sinto que sou
Vejo tudo diferente
Uns correm de mim
Com semblante assombrado
São verdadeiros fantasmas
Que me deixam assustado,
De tantos fantasmas
O mundo está diferente
Vejo fantasmas tristes,
João Rodrigues
2000
Um dia eu irei
Com quem não sei
Sei que vou pro além
Não quero nem poder querer
No além não se quer
Nem se vê o que querer,
É diferente daqui
Sem luz ou escuridão
Sem miséria e humilhação
Sem razão
Sem nada mais além
Lá é o além,
Ali ninguém chora ou reclama
Não tem mágoa nem tem drama
Do mundo de incertezas
Do além, além,
Pois é o além Além de tantas tristezas
Além para mim é verdade
Que se apaga a maldade
Que muda a realidade,
João Rodrigues
2001
Estou farto de saudades
Desde que você se foi
Sei que foi pra longe
Viver no mundo do além
Lugar pra onde você foi
E que nunca vai voltar,
A saudade é confiante
Por saber o que se deu
Mas procuro entender
Os momentos que tivemos
Nos alegres eu prefiro
Pra não me entristecer,
De onde estiver se puder
Peço desculpas por tudo
Mesmos nos momentos mudos
Que fiquei a chorar
Quando algo estava errado
Sem eu poder te falar,
Quero dizer adeus
E até te pedir perdão
Quanta saudade,
João Rodrigues
2002
Ali vejo o que se foi
Ali vejo o que foi meu
Ali vejo quanto vivi
Ali vejo meu fim
Meu triste fim
Bem ali,
Ali gritam de dor
Ali clamam sem fim
Ali choram por mim
Ali vejo meu fim
Meu triste fim
Bem ali,
Ali todos estarão
Ali contarão vitórias
Ali ouço as histórias
Ali não tem saída
Ali vejo meu fim
Meu triste fim
Ali vejo meu fim
Meu triste fim
Bem ali...
João Rodrigues
2003
Tudo no mundo tem fim
A estrada e o viver
A angústia e a saudade
A saúde e o sofrer
Tudo no mundo tem fim
Da riqueza e da pobreza
Da verdade e da mentira
Da dúvida e da certeza,
Tudo no mundo tem fim
A sorte e o azar
A alegria e a tristeza
A bênção e a maldição,
Tudo no mundo tem fim
Contudo para quem vê
O seu próprio fim chegar
Pois tudo no mundo tem fim,
Tudo no mundo tem fim
Até o fim do mundo
Um dia chegará ao fim,
João Rodrigues
2004
Sou como o sol
Que brilha no horizonte
Sou como o azul do monte
Como nuvens a vagar
Sou como a luz
Que vaga no imensidão,
Sou como o sorriso
De uma inocente criança
Como um pouco de esperança
Sou o desejo de ter
Sou como um olhar
Que vaga pra onde não vê,
Sou como o pacto
Entre a vida e a morte
Sou como o azar e a sorte
Sou como qualquer final
Sou como a fé
Que vaga de mente em mente,
Sou como o vento
Que vai pra qualquer destino
Sou como o som do sino,
João Rodrigues
2005
Tenho vergonha de ver
Tenho vergonha de ser
Tenho vergonha de ter
Mas que vergonha que tenho
Quanta vergonha,
Morro de tanta vergonha
Vergonha só de pensar
Pura vergonha que tenho
De não poder ter
Porque tenho vergonha,
Só me resta a vergonha
Vergonha até de olhar
Para não me ver chorar
De tanta vergonha,
Pura vergonha
De tanta gente
Sem vergonha,
Sei que é só vergonha
Nada mais do quê vergonha
Saber de tanta vergonha,
João Rodrigues
2006
A incansável esperança
Ela é a última a morrer
Es tu esperança
Sempre esperei você
Mas nada mais do que esperar
A chorar, chorar, chorar,
Sabendo que um dia
Quando menos esperar
Vai chegar o tal momento
Do que espera tocar
E em seu peito contente
Repleto de esperança
Puro e sem vingança,
Em seu semblante se vê
Um ar de fantasia
Que se mistura ao viver
No pensamento sem parar
Uma nova esperança chega
Sem ao menos esperar,
É na completa esperança
Que realizamos os sonhos,
João Rodrigues
2007
No pasto eu vejo
Lindos novilhos pastando
Vejo pássaros voando
Aliviando a tenção
Buscando no bolo o pão
Vejo no pasto eu vejo,
No rastro eu vejo
A suavidade da fera
Se escondendo na relva
À procura do seu pão
Vejo no rastro eu vejo,
No grito que ouço
De um avisando o outro
Vamos fugir um instante
Pra vida continuar
No grito eu ouço,
No medo eu sinto
Que tudo tem o seu fim
Vejo que o valentão
Chora ao sentir dor
No medo eu sinto,
João Rodrigues
2008
O pescador contente
Quando pesca o seu pão
Na água fria o vivente
Surge na emoção
De um desejo sem fim
Entre a sorte e a razão,
Uns morrem para ceder
O direito de viver
Aos que te venceram
Na fria guerra do poder
Uns de escravizar o ser
Até o seu semelhante,
Daí que nasce a guerra
Sem nenhuma compaixão
Vence talvez o melhor
Conforme a sua invenção,
O mundo foi sempre assim
Uns ganhando outros perdendo
Uns nem sabem o que fazem
Nem outros o que estão fazendo
João Rodrigues
2009
Tem de fazer acordo
Somente para escrever
Pois falam com seus sotaques
Difícil de entender,
A língua que leva a fala
Na mente o entendimento
Mas tem de ter acordo
Difícil de entender,
O que tem a ver tal coisa
Se em nada vai mudar
Cada um tem o seu jeito
Difícil de entender,
Coisa de gente
Para saber tem que ser
Gente entre gente
Difícil de entender,
Mas entendo que
O que de cada um
É um que sem pra que
Difícil de entender,
João Rodrigues
2010
Uma história pessoal
De alguém que brilhou
Num cenário infernal
Longe da paz e amor,
O filho de um povo
Explorado sem razão
Nas mãos dos estrangeiros
Longe da paz e o amor,
Preso por muitas vezes
No cárcere da escravidão
Imposta por estrangeiros
Longe da paz e o amor,
Depois de muitas batalhas
O povo o elegeu
Como chefe da nação
Trazendo a paz e o amor,
A fome foi combatida
Até nos confins do sertão
Cada um que recebia
Um bocado no cartão,
João Rodrigues
2011
Ela é nossa presidenta
O povo a elegeu
Uma mulher para mandar
O fato aconteceu,
Ela é nossa presidenta
Uns falavam assim
Uma mulher vai mandar
O fato aconteceu,
Ela é a nossa guerreira
Uns falavam a chorar
Uma mulher vai mandar
O fato aconteceu,
Ela é a nossa esperança
Muitos assim afirmavam
Agora uma mulher que manda
O fato aconteceu,
Ela é a nossa força
Parecia tudo mudar
Uma mulher vai mandar
O fato aconteceu,
João Rodrigues
2012
Talvez o desejo de muitos
Contudo não aconteceu
For para quem morreu
O mundo não acabou,
Noticias vinham de longe
Assustando os inocentes
Uns vendiam o que tinham
O mundo não acabou,
Quanta ignorância
De um povo insensível
Acreditar no que dizem
O mundo não acabou,
Podemos viver conscientes
De que o tempo é assim
Só Deus sabe do fim
O mundo não acabou,
Vamos assim continuar
Agradecendo a Deus
Com sua infinita bondade
O mundo não acabou,
João Rodrigues
2013
Cuidando de mim
Vi assim cada um
Dos seres que um dia
Deus me confiou,
É muito difícil dizer
Com nada pode comparar
Ver perto de você
Quem Deus te confiou,
Repleto de alegria
Cada momento vivido
Ao viver o dia a dia
Com quem Deus te confiou,
É uma soma sem fim
De quadros de emoção
É uma festa que vivemos
Com quem Deus nos confiou,
Sorria agora comigo
Jamais apaga o sorriso
Na face de alegria
De quem Deus nos confiou,
João Rodrigues
2014
Tudo bem por aqui
Coisas piores já vi
Guerras que assisti
Mas tudo bem por aqui
Tudo vi nesta vida
Pois tanto tempo na lida
Poucas lembranças perdi
Mas tudo bem por aqui,
Tudo bem, eu sei
Em que errei e acertei
Fiz mais certo do que errado
Tudo bem por aqui,
Tudo bem gente, tudo bem
Esta é a existência
No viver com consciência
Fica tudo bem por aqui,
Tudo bem para mim
Sei que ainda não é o fim
Podemos continuar
Está tudo bem por aqui,
João Rodrigues
2015
Meus olhos estão te vendo
Nesse século que vive
Desejo ainda mais que viva
Vida com alegria,
Meus olhos estão te vendo
Quanto foi árdua a batalha
Desejo agora porém
Vida com alegria,
Meus olhos estão te vendo
Nos seus as suas conquistas
Desejo ainda mais que tenha
Vida com alegria,
Meus olhos estão te vendo
O teu sorriso contente
Desejo com toda certeza
Vida com alegria,
Meus olhos querem chorar
Ao ver os seus brilhando
Como uma estrela nos céus
Com sua eterna alegria,
João Rodrigues
2016
Nada
Não tenho o que dizer
Grande é minha emoção
De poder estar aqui
E te dizer como vai,
Não tenho o que dizer
Nem voz para bradar
De poder estar aqui
E te dizer tudo bem!
Nem sei o que dizer
De poder estar aqui
E te dizer que bom,
Nem sei o que dizer
Contudo posso dizer
Que me orgulho de ti,
Nem sei o que dizer
Mas digo sim
O que seria de mim
Sem você,
Nada poderia dizer,
João Rodrigues
2017
No acaso
No acaso por acaso
Agente esquece
Só se lembra padece
Ao viver por acaso,
No acaso por acaso
Eu vi os caso
Me fez lembrar por acaso
Como foi aquele caso,
No acaso por acaso
A saudade me tocou
Me lembrei do nosso amor
Que foi apenas um caso,
No acaso por acaso
Se aonde estiver ver o sol
Fale do nosso caso
Mesmo que for no ocaso,
No acaso por acaso
Quem não teve um caso
Prepare para o seu caso
Que acontece por acaso,
João Rodrigues
2018
Outro Dia
Pode até ser ilusão,
Contudo eu vi passar
Naquele filme que vi
Uma criança a chorar
Pode até ser ilusão
No entanto eu pressenti
Naquele filme que vi
Uma criança chorar
Pode até ser ilusão
Mas senti que era real
No filme de minha vida
Aquela criança a chorar
Podia até ser ilusão
Sei que agora é real
O filme me retratava
Naquela criança a chorar
Podia até ser ilusão
Tudo que aconteceu
Sei que o filme sou eu
Daquela criança a chorar,
João Rodrigues
2019
Aonde Estiver
Pode ser aqui ou ali,
Nos céus
Na terra
Ou no mar
No canto quente do peito
Que vive a palpitar
Mas aonde estiver
Nos céus
Na terra
Ou no mar
No olhar distante no tempo
Que nunca pode esperar
Mas aonde estiver
Nos céus
Na terra
Ou no mar
Eu sempre vou te amar.
João Rodrigues
2020
Meu adeus
Não tive muita atenção
Parecia não entender
O que estava acontecendo
Ao ver indo pro chão,
Pois foi
Num estreito espaço
Cavado ali no chão,
Pessoas se despediam
Sem nenhuma alegria
Olhavam ali pro chão,
Não contestei
Não tinha mais o que falar
Pois não teria resposta,
Ela foi viver com Deus
Deixando o mudo silêncio
Se despedir dos seus,
Nada mais para dizer
Só quero dizer assim
Adeus Ana.
João Rodrigues