sábado, 27 de dezembro de 2014

Ana João Rodrigues

Ana João Rodrigues

1915
Dia lindo, eu sei
Foi quando nasci
Pois lá estava
Sei quão lindo foi
Quando puderam falar
O nome que ia ficar
Inundando corações
Com alegria e amor
Dia lindo, eu sei...

Oito de Janeiro
Foi a data escolhida
Pra começar uma vida
Num mundo de alegrias
Carregando um coração
Repleto de amor
Dia lindo, eu sei...

Eram poucos convidados
Para assistir minha chegada
Começo da minha jornada
Dia lindo, eu sei..

João Rodrigues

 

1916

Uns já festejavam 

Com aquela inda menina 

Que trouxe consigo a sim 

De paz e alegria 

Mesmo na ventania 

De incertezas constantes 

Por entre terras distantes 

Seu sorriso ira abrandar 

As mentes e corações 

Que estivessem a sofrer 

No mundo a padecer 

Pela falta da razão.

 

Linda menina, linda 

Muitos vinham me conhecer 

Pareciam irem encher 

De paz o seu cantil 

Derramando sem funil 

De abundância sem fim 

Depois seguiam o caminho 

Levando em seus corações 

Linda menina, Linda...

 

João Rodrigues

 

1917

Vidas perdidas nas águas

Pelo ódio e o destino

Nem ouviu o som do sino

Emudecido nas águas,

 

Vidas interrompidas nas águas 

Nem deu para avisar 

Alguém que um dia amou 

Se afogou lá nas águas,

 

Vidas jogadas nas águas 

De um mar tenebroso 

Na batalha sem trégua 

Se findado nas águas,

 

Vidas sem esperança 

De saber que acabou 

O seu sonho de amor 

Mergulhado nas águas,

 

Vida que continua 

Há dois anos no sertão 

Num coração inocente 

Menina ali, Sorridente.

 

João Rodrigues

 

1918

Foi a primeira vez 

Que fugi do Coronel 

Com três anos de idade 

Eu conheci a maldade,

 

Escondemos lá no mato 

Fugindo do Coronel 

Que matava cada um 

Era grande a sua maldade,

 

Depois de alguns dias 

Fugindo do Coronel 

Fomos para outro lugar 

Nos esconder da maldade,

 

Ali ficamos um tempo 

Fugindo do Coronel 

Não voltamos para casa 

Consumida pela maldade,

 

Nesses dias de aflição 

Fugindo do Coronel 

Fui viver com meu avô 

Assim perdi para maldade,

 

João Rodrigues

 

1919

O sol escureceu 

Quando a guerra acabou 

Porém a mundial 

Mas no Sertão continuou.

 

Não parecia ter fim 

A tal guerra do Coronel 

Até a morte do meu pai 

Dura amarga e cruel,

 

Queimaram a sua casa 

Com tudo que ele vendia 

Os jagunços do Coronel 

De nada eles temiam,

 

Contudo naquele terror 

Eu assim ia vivendo 

No meio de tanto horror 

Meus quatro anos chegaram,

 

Na casa dos meus avós 

Foi aonde fui viver 

Aliviando o sofrer 

Da guerra do Coronel,

 

João Rodrigues

 

1920

O mundo festejava 

Com grandes competições 

Uns levantavam das cinzas 

Deixadas pelos canhões,

 

Viúvas ainda esperavam 

A um regresso sem fim 

Do seu amor que não vinha 

Pelas curvas do caminho,

 

Seus tristes olhares perdidos 

No coração a esperança 

Outros guardavam no peito 

A triste dor da vingança,

 

Eu ainda pequena

Mas tenho lembranças perdidas 

Em poucos quadros visíveis 

Que me acompanha na vida,

 

Uma dor que nunca apaga 

Como uma chama infernal 

A dor triste da guerra 

No coração vive o mal,

 

João Rodrigues

 

1921

De um lado eu penso 

Se é do mesmo jeito 

Mas nem sei que jeito 

Nem sei o jeito deste 

Como será o outro lado 

Será do jeito que não sei,

 

Tudo tem outro lado 

Lado de baixo e de cima 

Lado da frente e de trás 

Lado direito e esquerdo 

Tudo tem lado 

Até o lado tem lado,

 

A vida também tem lado 

A morte o lado tem

A paz reserva o seu lado

A guerra destrói o seu lado

A ilusão é um lado

Que o homem sempre viveu,

 

Tem o lado da fantasia 

E o lado da realidade,

 

João Rodrigues

 

1922

A água descia 

Rumo ao mar sem saber 

O que lá acontecer 

Porém mesmo a correr 

A pobre água descia,

 

Na montanha do destino 

Ouvia o som do sofrimento 

Da água o seu tormento 

De não poder ficar,

 

Pois ela descia 

Num som chocante de dor 

Se transformando em vapor,

 

Coitada ela descia 

Rumo ao caminho sem voltar 

Seguindo as trilhas tortas,

 

E ela desceu 

Deixando a montanha a chorar 

Na esperança de um dia 

A pobre água voltar,

 

João Rodrigues

 

1923

Vejo luzes no horizonte 

Coloridas e brilhantes 

Apontando o meu destino,

Não tenho como seguir 

Cada luz que brilhar 

No horizonte sem fim,

 

Sinto vontade 

Mas tenho que esperar 

Na hora certa,

 

Sem dúvida

Posso confiar em fim 

Na minha estrela,

 

Sou uma estrela 

Brilhando no céu de alguém

Contudo não sei de quem,

 

E quem será

Na hora certa

Essa estrela vai brilhar,

 

João Rodrigues

 

1024

Alas falam de tudo 

Falam do bem e do mal 

Todos falam, como falam,

 

Falam de suas tristezas 

Falam no tom da beleza 

Num tom chocante de pesar 

Assim falam e falam 

Falam de Deus e do outro 

E como falam e falam,

 

Falam também de mim 

Falam do que não falei 

Se não falo eles falam 

Prefiro não falar o que falam 

Pois ouço assim falarem 

Falam do que até falo,

 

E não importa o que falam 

Pois não sabem o que falam 

E não param de falar,

 

João Rodrigues

 

1925

Eu quero se é que posso 

Quero dizer a você 

Que viva decentemente 

Ou viva como puder 

Porém com honestidade 

Eu quero se é que posso,

 

Quero deixar pra você 

Uma mensagem importante 

Respeite a si mesmo 

Ensine o seu semelhante 

Não se esqueça de levar 

Um sorriso aonde for,

 

Respeite pra ser respeitado 

Seja amigo do irmão 

Não engane a ser enganado 

Seja sempre positivo 

Fale o que sentir na hora 

Não deixe nada passar,

 

Ame mesmo odiado 

Prometa o que puder 

Não jogue o que tem fora,

 

João Rodrigues

 

1926

Nas profundezas do sonho 

No abismo da mentira 

No inocente olhar 

De uma pobre criancinha 

Esta o significado 

Do estranho da vida

 

A criança parece saber 

Da verdade e da razão 

Mas não sabe falar 

Para assim avisar 

Ela chora o quebranto 

Pelo estranho da vida,

 

Noite escura de céu nublado 

Dá vida ao lampião 

Sua tocha se perde ao longe 

No estranho da escuridão 

Assim é o nosso viver 

No estranho da razão,

 

Entre o amor de dois seres 

Que se conhecem no olhar 

Que veio o romance perfeito,

 

João Rodrigues

 

1927

Onde estou agora 

Que lugar imundo é este 

Que ninguém respeita ninguém 

Onde estou

É que não sei por quê 

Que aqui estou,

 

Eu sou gente 

Isso é que é ser gente 

O que é gente 

É isto que vejo 

Por que vim parar aqui 

Por que aqui estou,

 

Dizem que estou vivendo 

Será verdade que vivo 

Isto é vida 

Roubando matando roendo 

Aqui estou morrendo,

 

Não estou feliz sofrendo

Será que não foi engano 

Que me mandaram pra cá 

Será que fui extraviado,

 

João Rodrigues

 

1928

Não tenho palavras 

Não tenho nada a dizer 

Não tenho com que comparar 

O seu significado 

Diante do que mostrou 

No seu cansado viver,

 

Reconheço o seu valor 

Digna do meu respeito 

Por ter tolerado a dor 

Explodindo no seu peito 

Vivendo a sua pobreza 

Como se fosse nobreza,

 

Pois nas horas difíceis 

Nunca escondeu o sorriso 

Que consumia as lágrimas 

Tristes do seu olhar 

Seguindo a sua estrada 

Sem saber aonde ia chegar,

 

Pois de passo em passo 

E cada pegada no chão 

Na vida de ilusão,

 

João Rodrigues

 

1929

Ser poeta é ser um ser 

Que abraça a existência 

Que vive sua presença 

Em cada momento da vida 

Procurando retratar 

A esperança perdida,

 

Ser poeta é ser amigo 

Mesmo do inimigo 

Demonstrando seu valor 

Mostrando que nossa vida 

É somente poesia 

De um poeta Senhor,

 

Ser poeta é ser mais um 

Do lado de qualquer um 

Procurando alegrar 

Transformando em poemas 

Os pedaços de dilemas 

Que vivem a atormentar,

 

Ser poeta é ser senhor 

Parceiro do Criador 

Levando ensinamentos,

 

João Rodrigues

 

1930

No balanço eu me balanço 

Nesta vida a balançar 

Vivo no balanço do balaço 

Não me canso do balanço 

Eu balanço e balanço 

Neste balanço, balanço,

 

Deito com o meu balanço 

Levanto do meu balanço 

Ando com o meu balanço 

Repouso no meu balanço 

Se canso com meu balanço 

Sento no meu balanço,

 

Falam do meu balanço 

Eu gosto do meu balanço 

Desprezam o meu balanço 

Adoro o meu balanço 

Pois vivo do meu balanço 

Assim balanço e balanço,

 

Querem o meu balanço 

Eu de ódio me balanço 

Não perco o meu balanço,

 

1931

Alegre e contente Cheia de fantasia

Ela não se cansa de falar 

São tantas as suas ideias 

Para realizarem Até esquece da vida,

 

Mais forte do que eu 

Às vezes perde a razão 

Pois eu só penso no nada 

Ela é otimista 

Corajosa e inteligente 

Jogando qualquer partida,

 

Eu que sou um poeta 

Que só penso em fantasia 

Gosto de adolescente 

De uma forma qualquer 

Pois poesia é amor 

O que pra mim é diferente,

 

Ela sabe dividir 

O amor da poesia 

Sabe encontrar a verdade

 

1932

O tal casamento 

Contrato entre homens 

Só para estabelecer 

O rumo da geração,

Instituição dos homens

 

Usando o nome de Deus

Num formato de respeito,

Só entre o macho e a fêmea

Sendo marido e mulher

Um feito genial

Para cultivar a fé,

 

Contudo o bem e o mal 

Dele aproveitou 

Já se casam entre si 

Usando o nome de Deus,

 

O alicerce da família 

Virou combina sem fim 

Muitas vezes bem distante 

Usando o nome de Deus,

 

João Rodrigues

 

 

1933

O que faz sentir Conceito de gratidão 

Uma do meu ventre Repleta de emoção,

Minha linda menina 

Cresceu junto de mim 

Repleta de emoção,

 

Moça bonita 

Quando te vi casar 

Repleta de emoção,

 

Mãe de muitos 

Netos que me honram 

Repletos de emoção,

 

Vovó de alguns netos 

Que até me faz chorar 

Repleta de emoção,

Que bom Ter a honra de te ter,

 

João Rodrigues

 

1934

Pois é assim

Mas uma dose de amor

Quanto te ame

De ter mais uma alegria 

Confiada nesse dia 

Ao ver e ouvir chorar.

 

Corpo pequeno

Cabia em minha mão

Logo estava no chão 

Com sua irmã a brincar,

 

Como era bom

Nem precisava correr 

O tempo lá decidir 

O que lá acontecer,

 

E ele me dava

Forças pra suportar 

A labuta do destino 

De ver aonde chegar,

 

João Rodrigues

 

1935

E sempre assim 

Todos vivem do nem.

Nem sei quantos dias foram 

Nem prestei atenção 

Nem vi a noite passar 

Nem tomei decisão 

Nem gosto de recordar 

Nem controlo minha emoção,

 

De tantos nem que existem 

Nem sei o que sou 

Se ao menos não sei o quê 

Só sei que não sei o quê 

Quem me deixa sem saber,

 

Pois nem sei o que seria

Nem sei o que respondo 

Quando alguém perguntar 

Nem sei se vai me ouvir,

 

João Rodrigues

 

1936

Pois eu posso afirmar 

Alo multo especial 

Só quem teve pra saber 

É grande a emoção 

Não só da mãe e do pai 

Que fica um pouco perdido 

Ao ver o seu semelhante 

Parado em sua frente 

Sabendo que veio de ti 

Não sabe se sorrir ou chorar 

Parece estarrecido

Até perdendo os sentidos 

De como se comportar,

 

Foi maravilhoso

Assistir a tal momento

Parecia num mundo sem vento 

Tudo estava parado

Os olhos de cada um

Fitavam num mundo inocente

Que dava para se ver

Perdido em suas mentes,

 

João Rodrigues

 

1937

Tanta gente perdida 

Procurando um destine 

Uns seguem o som de sino 

Ou a voz de pregador 

Outros surdos para tudo 

Vivem momentos mudas 

Somente a esperar 

O que nunca vai chegar,

 

Ou será que me enganam 

Tentando me convencer 

Que estão a saber 

O que vai acontecer,

 

Como saber

Se não sei o que não sei 

Ou então será que sei,

 

Mas o que sei

Será melhor não saber 

Pois assim não vai sofrer 

O meu pobre coração 

Perdido na confusão,

 

João Rodrigues

 

1938

Agora eu sei

Não é igual primeiro

É Algo bem confortante

Mas não chega ser vibrante,

 

Não vou dizer ao contrário

É grande a emoção

Ao ver o seu irmão

Com o pai querer dizer,

 

Já estamos aqui amigo 

Venha ver o seu abrigo 

Como é aconchegante,

 

Tudo é maravilhoso 

Você poder compartilhar 

Ver aquelas coisas lindas 

Buscando o seu lugar 

Todos inocentes e amigos 

Sem ganancia e confusão,

 

Sei que é o bastante 

Para um ser pecador,

 

João Rodrigues

 

1939

Se encontrar alguém perdido 

Mostre-lhe o caminho 

Mas não vá com esse alguém 

Porque você tem o seu,

 

Se encontrar alguém triste

Procure se alegrar

Pode chegar a sua vez,

 

Se encontrar alguém contente 

Fique no seu lugar 

Pois só se alegra consigo,

 

A alegria dos outros 

É um abismo sem fim,

 

A tristeza dos outros 

É um ensinamento,

 

A verdade é uma só 

Somente a sua 

Seguindo os caminhos 

Em direção a Deus,

 

João Rodrigues

 

1940

Falar da vida

As vezes é confortante 

Falar na vida 

Já acho constrangedor 

Falar de alguém

É humilhante

Falar de certa forma

É muito perigoso,

 

Se desejar falar 

Fale de feitos 

Não dos malfeitos 

Só dos feitos 

Feitos compensadores,

 

Nunca fale de tristezas 

Ela não merece conceito 

Arranque assim do peito 

Fale das suas conquistas 

Porém sem exaltação,

 

Fale de tudo de bom 

Que vai acontecer,

 

João Rodrigues

 

1941

A guerra era mundial

Mas ela foi uma lembrança 

Veio e logo e se foi

Deixando ensinamento 

De que muitos não são presentes 

E sim formas de vidas 

Que não são para ficar

Não merecem sofrimento 

Não merecem felicidade

Não merecem nada da terra

Não merecem compartilhar

Ela foi um grande susto 

Foi a primeira vez que vi 

Um ser chegar e partir 

Assim tão de repente,

 

Fiquei triste, sim 

Sentindo culpa por tudo 

Chorei a minha perda 

Mesmo sem entender,

 

João Rodrigues

 

1942

Esta foi diferente

Lhe dei o mesmo nome 

Da que tinha partido 

Parecia agradecer a Deus 

Pelo fato acontecido

Mas não era a mesma coisa 

Seu sorriso bem diferente 

Seu calor era mais forte 

Que pulsava em meu peito,

 

Foi muito bom 

Muito bom para mim 

Melhorou o caminho 

Que eu tinha pra seguir,

 

Hoje eu sei 

Mesmo sem entender 

Que Deus é soberano 

No que pretende fazer,

 

Não manda recado,

 

João Rodrigues

 

1943

Som de guerra em minha mente,

Contesto nesse tempo 

Foi duro em assistir 

Cenas de guerra em meu olhar,

 

Contesto nesse tempo 

Até o tempo parou 

Noticias de guerra chagavam,

 

Contesto nesse tempo 

Peço para não voltar 

Novas guerras em meu tempo.

 

Contesto todo tempo 

Pra não acontecer 

O que nesse tempo se deu,

 

Contesto meu Deus contesto 

O Senhor pode mudar 

Sem guerras eu te peço,

 

João Rodrigues

 

1944

Se na terra ou nos céus 

Esse pacto feliz 

Que nada que nos diz 

Compreendemos a viver,

 

30 nos resta contemplar 

E em nada reclamar 

Pois vem chegando assim 

Pra te fazer feliz,

 

É muito bom 

Criar os inocentes 

Duro é esperar crescer 

Devido o longo tempo,

 

Contudo você aprende 

Para poder ensinar 

Aqueles que vai criar,

 

João Rodrigues

 

1945

Sabemos na verdade 

Que já é parte de tudo 

Ver cada um chegar 

E os que aqui estão 

Ficam felizes em ver 

Mais um irmão nascer

 

Quanto ao pai

Nota em seu semblante 

À vezes arrogante 

Dominando o seu terreiro 

Mas continua lutando 

Para manter o seu legado

Muitas vezes já cansado

O filho chora

E ele o acalenta

Na paciência eterna 

De um bom cidadão 

O seu pedaço de chão,

 

Pois só pra esse ser

Deus concede a ele

É assim, sim,

 

João Rodrigues

 

1946

É sempre maravilhoso 

Uma estrela brilhante 

Estava em seu semblante 

Como seu nome seria,

 

Por entre as outras existentes 

Ela estava presente 

Sempre para alegrar 

Quem estivesse triste 

Começavam a sorrir 

Ao ver ela chegar,

 

Nunca consegui entender 

Como é tão diferente 

No meio de tanta gente 

No infinito dos céus 

Ela sempre persistindo,

 

Ela podia brilhar 

Parecendo a luz do sol

Grande menina 

Com sua sina traçada 

De ser usada por Deus,

 

João Rodrigues

 

1947

Quanta labuta

De ouvir gritos

De responder tantas perguntas

De ser desejada 

De ser duvida e certeza

De ser a única esperança 

De carregar a lembrança

De quem em mim confiou,

 

Quanta batalha

De abraçar cada um Quando cair no chão

Quanto cansaço Quanta luta pelo pão.

 

Quanta alegria

Vendo tudo seguindo 

Uns chegando

Outros indo

Sem nada poder fazer,

 

Só esperar, sim 

Para ver acontecer,

 

João Rodrigues

 

1948

Eu não compreendi 

Com um nome diferente.

Só para homenagear 

Alguém que esteve entre a gente 

Deixando sua beleza 

Perdida em muitas mentes,

 

Contudo logo se foi

Não sei se é certo 

Fazer este tipo de coisa 

Dar um nome a alguém 

Que um dia existiu 

Porém se não soubesse 

Poderia até dar certo,

 

Sinto saudades 

Mas não tenho como voltar 

Erguer aos mãos pro alto 

E pedir ao Senhor,

 

Pedir perdão pelos meus erros 

Da minha incompetência 

Ou por alguém que errou,

 

João Rodrigues

 

1049

Foi sempre assim 

Repleta de compaixão 

Ovelha mansa 

Num rebanho de emoção,

 

Só alegria

 

Nunca foi de reclamar 

Sempre perto de mim 

Cuidando dos meus desejos,

 

Uma eterna caçula 

Que faz compreender 

Porque cada um segue 

O seu destino a sofrer,

 

Mas é assim 

Todos com a missão 

De assim levar o pão,

 

Vão lutar nos seus destinos 

Defendendo os seus direitos 

Enquanto sofre no peito 

O seu pobre coração,

 

João Rodrigues

 

1950

Nada está completo 

É sempre bom contemplar 

Já que a emoção 

Não para de crescer 

Ao ver mais um chegar,

 

É muito gratificante 

Ver os outros sorrindo 

Uns já sabendo falar 

Tecem seus comentários 

Formando a língua eterna 

Do viver com seu irmão,

 

Ali dá pra perceber 

As diferenças contidas 

Onde uns defendem 

Seu canto e sua comida,

 

Até lutam uns com os outros 

Defendendo o seu direito 

Mesmo na inocência 

Tem qualidades e defeitos,

 

Mas é bom ter mais um,

 

João Rodrigues

 

1951

Quando alguém te ama 

Tudo é diferente 

Você luta para ver 

Este amor prosperar 

Mas fica tudo diferente 

Quando perto de você 

Do nada parece ser 

O seu fim,

 

É duro pra entender 

Você ver esse alguém 

Se definhando aos poucos 

Sem nada poder fazer,

 

Ali está em sua frente 

O ser que te amou 

No seu rosto o pavor 

Aterrissa sem piedade 

Inundando os sentimentos 

Em momentos de tormentos 

Sem nada pra ser feito,

 

É muito sem jeito,

 

João Rodrigues

 

1952

Não consegui entender 

Era pequena o singela 

Vi o quanto era bola 

Sei que está agora 

Perdida em minha janela,

 

Minha janela do tempo 

Que eu não pude fechar 

Meus olhos pro seu sorriso 

Quando foi para o viver 

Na escuridão do ser 

Que nem sei aonde está,

 

Sinto falta

De mais uma companhia 

Que durou poucos dias 

Mas muito me alegrou,

 

Adeus amor

Um dia quem sabe verei

Em outro lugar não sei 

Onde irei te encontrar,

 

Se existe pra falar,

 

João Rodrigues

 

1953

Como foi a história 

Não parecia vingar 

Chegou fora do tempo 

Pequeno sem esperança 

Nos seus olhos sombrios 

Não dava pra confiar 

Pareciam estar fechados 

Não paravam de chorar,

 

Era estranho em ver 

Aquele ser sem sentido 

Não era compreendido 

Se ia sobreviver,

 

Seu choro era constante 

Não parecia estancar 

Era um choro sem dor 

E não tinha sentimento,

 

Até hoje não entendo 

Porque ele veio assim 

Talvez me dar um recado 

Que ainda não sei,

 

João Rodrigues

 

1954

Canto a minha vitória 

Entre a batalha sem fim 

Ergo a minha taça 

Alegre ao meu formato 

De compreender o meu trato 

De algum trato que fiz.

 

Não sei se foi o que eu quis 

Sei que foi misterioso 

Ver o futuro chegar 

Como uma fera voraz 

Tentando me devorar,

 

Veio no furor do vento 

No amor e na paixão 

Na conquista dos meus bens 

Em cada pedaço de chão,

 

Foi assim que se deu 

Chorava sempre ao cair 

Sorria ao me reerguer 

Sem nada compreender,

 

Pois é assim que é,

 

João Rodrigues

 

1955

Deus avisa a gente 

Mesmo com o último presente 

Pois Ele me confiou 

Para cuidar de mim 

Quando chegasse a minha dor,

 

Sou feliz por todos 

Por todos tenho respeito 

Pois Deus faz cada um 

Com qualidade e perfeito 

Trazendo em seus corações 

A sua ordem infinita,

 

Uns nascem para uma causa 

Outro para uma razão 

Uns até nascem sem sentido 

Uns são simples e contentes 

Outros porém são orgulhosos,

 

Outros bem misteriosos

Desses poucos que eu tive 

Todos parecem iguais 

Sim, são iguais a mim,

 

João Rodrigues

 

 

1956

Minha inesquecível roça 

Como foi gratificante 

Ver o milho crescer 

Com aqueles pés gigantes 

Enroscados pelas ramas 

Do feijão catador 

Com flores coloridas 

Parecendo um jardim 

Mangangás sobrevoando 

Fazendo o seu papel 

Por ordem da natureza 

Tornando aquela beleza 

A minha alimentação,

 

Não tem nem palavras 

Para poder comparar 

A alegria que dá 

Ao andar por entre as folhas 

Com o orvalho caindo 

E colher a melancia 

Com cores vivas do dia 

Parecia a companhia 

Do verdadeiro Senhor,

 

João Rodrigues

 

1957

Pude ver

Pude ter

Pude compartilhar,

 

Pude vender

Pude comprar

Pude doar,

 

Pude emprestar 

Pude esquecer 

Até quem me fez mal,

 

Pude muitas coisas 

Pude contar vitórias 

Fiz a minha história,

 

Andei feliz

Por entre estranhos 

Ganhei fama,

 

Agora sei

O quão foi bom 

Ainda agora,

 

João Rodrigues

 

1958

Quando assim um dia 

Eu já não estiver 

Nesta terra pra falar 

Algo a meu respeito 

Não quero ninguém sofrendo 

Por um motivo sequer,

 

Se por acaso a saudade 

Tocar em seu coração 

Cante as suas alegrias 

Dos momentos que tivemos 

Não quero ninguém sofrendo 

Por um motivo sequer,

 

Ao ver o meu retrato 

Estampado em sua mente 

Olhe firme em meus olhos 

Estarei sempre te olhando 

Não quero ninguém sofrendo 

Por um motivo sequer,

 

Nem eu quero sofrer 

Por um motivo sequer,

 

João Rodrigues

 

1959

Tudo é vago 

Nada é preenchido 

Tudo é oco 

Até o sonho,

 

Hoje eu sei 

Onde errei 

Ou acertei,

 

Já não tem jeito 

De consertar,

 

Mesmo que eu tenha 

Alguma chance 

Nada é seria igual,

 

Nem no destino 

Nem na sorte 

Há compreensão,

 

É tudo sem razão 

Uma vida incerta 

Só se sabe do certo 

No certo momento,

 

João Rodrigues

 

1960

Relâmpagos partem os céus 

Lá nos confins do sertão 

Faz chorar de alegria 

O homem pelo seu pão,

 

Nuvens grossas e escuras 

Invadem o pequeno lugar 

Faz chorar de alegria 

O homem pelo seu pão,

 

O gado fica parado 

Esperando a água cair 

Faz chorar de alegria 

O homem pelo seu pão,

 

A terra está molhada 

Foi milagre do Senhor 

Faz chorar de alegria 

O homem pelo seu pão,

 

Pois a vida continua 

Fazendo chorar de alegria 

O homem pelo seu pão,

 

João Rodrigues

 

 

1961

Cantei com ela 

Quando me encantei 

Tudo era encanto 

Com ela ali do meu canto 

Quanto cantei,

 

Ainda canto por ela 

Quando ela desencantou 

Vejo os seus retratos 

Como se estivesse cantando,

 

Ai eu canto

Mas num tom desconcertado 

Talvez pelo meu estado 

De não poder ter 

Sempre ali do meu lado,

 

Quem comigo cantava

Está cantando

Ou quer ouvir o meu canto 

Agora banhado em pranto 

Comigo aqui no meu canto,

 

Por alguém que cantou

 

João Rodrigues

 

1962

Uma lembrança que tenho 

De quando eu era criança 

Seguia pelo sertão 

Numa estrada de chão 

Meus pés descalços sentiam 

Uma grande vibração,

 

Perecia que lá em baixo 

Alguém queria falar 

Algo de muita importância 

Mas não dava pra escutar,

 

Depois eu fui embora 

Mas não esqueço o sertão 

Ele está em minha história 

Meus pés descalços no chão,

 

Sinto saudades de lá 

Do caminho que andei 

Dos meus pés descalços ouvindo 

O que eu não escutei,

 

João Rodrigues

 

 

 1963

Tudo dá certo

Só quando se faz o certo 

Mas o que é certo 

Se nem sabem o conceito,

 

Tudo dá certo

Quando foge do errado 

Ficando longe do pecado 

Quando sabe o conceito,

 

Tudo dá certo 

Andando pela razão 

Fugindo das armadilhas 

Ao praticar o conceito,

 

Tudo dá certo

Se seguir o Senhor 

Suas leis e mandamentos 

Obedecendo o conceito,

 

Tudo dá certo,

Tendo o Senhor como certo 

Sem filosofia e conceito,

 

João Rodrigues

 

1964

Tens chorado 

Ou só vives a cantar,

 

Tens lutado

Ou só vives a reclamar,

 

Tens doado 

Ou só vives a pedir,

Tens feito algo 

Ou só vives a esperar,

 

O que tens 

Ou nada tem,

Venha comigo 

Que lhe darei O que não tem,

 

Siga o meu sinal 

Pois lá nos céus

Terás com certeza 

A vida eterna,

 

João Rodrigues

 

1965

Meu grito está perdido 

Nas estradas do sertão 

Meus pés torrando no chão 

Meu ventre arrebentando 

Pela dor do embrião,

 

Filhos sempre a chegar 

Numa corrida sem fim 

O pão pouco que me resta 

Não sei o que será,

 

Nem preciso saber 

Assim fico a pensar,

Onde estou meu Deus,

 

Meu grito está perdido 

Na minha fé sem limite 

Por mais que eu acredite 

Dúvidas vem em minha mente 

Será o princípio ou fim 

De um grito aflito 

Ao ouvir o meu grito,

 

João Rodrigues

 

1966

Sai andando, andando 

Andando pela floresta 

Segui um carreiro batido 

Passando em malhadores 

Fui andando, andando 

Mas não encontrei ninguém

 

A mata fechada 

Aqui e acolá 

Tinha que parar 

Cortar ramos com facão 

O som ecoava distante 

Na imensidão do silêncio 

Até me dava medo,

 

Não percebia nada 

A não ser o mormaço 

O vento assoprava forte 

Chocando as árvores nas outras 

De vez em quando pássaros 

Voavam desesperados,

 

No meio do carreiro 

Via rastro de gente.

 

João Rodrigues

 

1967

Água fria em meu rosto 

Que gosto dá ao sentir 

O cheiro da poeira molhada 

E ver a água cair 

A enxurrada aos meus pés 

O coração a palpitar 

Querendo saltar do peito 

Ao ver a chuva chegar,

 

Só quem estava lá pra saber 

Quão grande era a emoção 

Ouvir o cantar dos pássaros 

Lá nos confins do sertão,

 

Nada no mundo é completo 

Tudo vem aos pedacinhos 

Como grãos de areia que formam 

O solo firme dos caminhos,

 

Formam as encostas da serra 

As planícies e os rincões 

Formam as veias da terra 

Que banham os corações,

 

João Rodrigues

 

1968

O homem é racional 

Dominante e possessor

As vezes dono da verdade 

Juiz e executor 

Filho pai e irmão 

Sobrinho tio e avô 

Contudo se esquece de tudo 

No tempo da sua dor,

 

O homem é racional 

Decide o seu desejo 

Aprova o que quer com qualquer 

Aperto de mão ou um beijo 

Mas nega logo em seguida 

Pelo o que aconteceu 

Isso é que é ser brutal 

Nem mesmo um animal 

Teria tal comportamento 

Na hora da sua dor,

 

Tudo que prometeu 

Não assumindo a culpa,

 

João Rodrigues

 

1969

Uma boa caçada 

Numa noite de luar 

O cão acua a caça,

 

Uma boa pesca 

Numa manhã de verão 

O anzol fisgando o peixe,

 

Uma animada festa 

Sanfona fazendo dançar 

A donzela e seu amor,

 

Um almoço inesquecível 

Ao acordar da festança 

Nunca sai de nossa mente,

 

Uma visita contente 

Na casa do Criador 

Nos fez ser obediente,

 

Um adeus para alguém 

Que vai viver distante 

Morando em nossas mentes,

 

João Rodrigues

 

1970

Tenho lembranças 

De ver o meu gado 

No verde pasto 

Com muita alegria,

 

A tarde fria 

Trazia consigo 

Pro seu abrigo 

O gado manso,

 

Noite escura 

Chuva fria 

Na companhia 

Do meu amor,

 

Hoje só resta 

Da grande festa 

O som eterno 

Que eu vivi,

 

Posso ouvir 

A voz de todos 

Na minha mente 

Contente, contente,

 

João Rodrigues

 

1971

Meus pássaros cantam 

Nas minhas manhãs 

Meus pássaros cantam 

Nas minhas tardes,

 

Meus pássaros cantam 

Nas minhas noites 

Meus pássaros cantam 

Nas minhas madrugadas,

 

Meus pássaros cantam 

Na minha tristeza 

Meus pássaros cantam 

Na minha saudade,

 

Meus pássaros cantam 

Na minha solidão 

Meus pássaros cantam 

A minha realidade,

 

Meus pássaros cantam 

Nas eternas laranjeiras 

Que estão em meu coração

 

João Rodrigues

 

1972

O meu cavalo castanho 

Quanto tempo ele viveu 

Relinchando lá no pasto 

Quanta alegria me deu,

 

Hoje fico pensando 

Como haveria de ser 

Se todos estivessem aqui 

Alegrando o meu viver,

 

É grande a confusão 

Que fica dentro da gente 

Por não ter mais do meu lado 

Quem me fez muito contente,

 

Não tem nada que substitui 

As coisas em nossas vidas 

Às vezes algo sem importância 

Era o mais importante,

 

Tenho vontade de chorar 

Mas não vou chorar 

Pois que graça tem 

Chorar sem ninguém,

 

João Rodrigues

 

1973

Quero lembrar também 

Que nada se pode sozinho 

Tem que ser sempre em dois 

Como fez o Criador 

Pois tudo que consegui 

Foi junto ao meu companheiro 

Meu único amor verdadeiro 

Que Jesus me enviou,

 

Foi com ele que pude 

Dar tudo que conseguimos 

Aos nossos pequeninos 

Frutos do nosso amor,

 

Não vou dizer que foi fácil 

A batalha que travamos 

Cada um lutou feroz 

Conforme a sua missão,

 

Fizemos a nossa parte 

Ficou tudo registrado 

Na lembrança de muitos 

O filme está gravado,

 

João Rodrigues

 

1974

Nunca pense em desistir 

Lute até o fim 

Não adianta fugir,

 

Cada um tem seu destino 

Não corra do sofrimento 

Nada é a contento,

 

Olhe pra uma estrada 

Muitas curvas pra virar 

Poucas retas pra seguir,

 

Veja a palma da mão 

Com nenhuma se parece 

Tudo é único,

 

Portanto a alegria 

É a conquista da sorte 

Vem inesperadamente,

 

Sorria enquanto puder 

Pois tudo se acabará 

Sem lhe dar satisfação,

 

João Rodrigues

 

1975

Minha linda canção 

É algo dentro de mim 

Que me dá inspiração 

Pra seguir o meu caminho,

 

Minha canção

 

É algo que me conforta 

Que sempre traz a resposta 

Da minha dúvida constante,

 

Minha canção

 

Companheira do amor 

Que toca o meu coração 

Pra aliviar a saudade,

 

Minha canção

 

Amiga inseparável 

De quem tem compromisso

 

Pra te tirar do enguiço,

 

Minha canção

 

Só ela e eu sabemos 

Pra quem devemos falar,

 

João Rodrigues

 

1976

O meu rio 

Meu companheiro frio 

Que sempre descia,

 

Parecia trazer noticias 

De fartura e destruição 

Levando em suas águas,

 

Era muito confortante 

Quando ia me banhar 

Ficava feliz 

Feliz com o meu rio,

 

Sei que ainda está 

Lá naquele lugar 

O meu rio a passar 

Onde eu ia me banhar,

 

Meu rio 

Nunca vou te esquecer 

Quando via as minhas lágrimas 

Se misturar com você 

Meu grande amigo,

 

João Rodrigues

 

1977

Ao som de um violão

Uma festa acontecia 

Lá nos confins do sertão 

Dançavam com alegria 

Numa cobertura de folhas 

Feitas para não durar 

Pois logo estariam secas 

Após a festa acabar,

 

Sei que elas secaram 

Deixando somente o chão 

Com as marcas dos meus pés 

Ao dançar com meu amor 

Porém em minha mente 

A lembrança que eu tenho 

Que nunca vai apagar 

Da minha mente sonolenta 

Quando estávamos a dançar,

 

Ela continua perfeita

Uma festa aconteceu 

Lá nos confins do sertão 

Ela ainda acontece,

 

João Rodrigues

 

1978

Cada um tem sua história 

Contando as suas vitórias 

Até sem se lembrar 

Dos que estavam ao seu lado 

Que até carregou o seu farde 

Mas fica assim esquecido 

Quando o coração bandido

 

Está contaminado

Pelo dono do momento 

Que já não tem discernimento,

 

Cada um com sua loucura 

De nunca se convencer 

De só ganhar 

Para ficar bem consigo

De ter razão em tudo

Mesmo perdendo Tenta justificar

Até produz inimigos

Cada um com sua história,

 

Gente burra

Que não muda o seu destino,

 

João Rodrigues

 

1979

Andando por al 

Num mundo de ilusão 

Correndo atrás do pão 

Eu segui,

 

Só guerras eu encontrei 

Se foi certo eu não sei 

Até se devia lutar,

 

Mas lutei

Lutei como um vencedor 

Mas não sei se venci 

A guerra não acabou,

 

Será que um dia 

Isso vai acabar 

Se quando a carne 

Perecer na escuridão,

 

Não sei não 

Muitos tentam dizer 

Que lá depois de morrer 

Esta guerra continua,

 

Estrada sem fim,

 

João Rodrigues

 

1980

Meu caminho está agora 

Perdido na imaginação 

Vejo alguém tentar passar 

Mas não consegue a chorar,

 

Vejo as árvores caídas 

Nas lembranças perdidas 

Minhas e do meu amor,

 

Não sei onde está 

Se a sorrir ou chorar 

Vendo a nossa estrada,

 

Lá nas árvores 

Interrompendo o caminho 

Serpentes coloridas 

Fazendo suas ninhadas,

 

Na minha estrada 

Na vida abandonada 

Por falta de mim 

De mim e do meu amor,

 

João Rodrigues

 

1981

Cada coisa tem seu lugar 

Seu lugar tem suas coisas 

No lugar que ficam as coisas 

Só é permitido coisas 

Do dono do seu lugar,

 

No coração não há vagas 

Para coisas diferentes 

Só se habita uma coisa 

Pro coração aceitar,

 

No amor nada de coisa 

Tudo é verdadeiro 

Nele não há dúvidas,

 

Na vida tem certas coisas 

Que só vivendo pra saber,

 

Que coisa é essa,

São coisas,

 

Tudo não passa de coisas,

 

João Rodrigues

 

1982

Queria me ver viver 

Dividir com o meu eu 

Ou então compartilhar 

No abismo do viver 

Vender a mim o que tenho 

Somando para meu bem 

Ter um total de engano 

Sem engano de ninguém,

 

Queria me ver nascer 

De um ventre de ilusão 

Minhas células agradecidas 

Sem ver ninguém sofrer,

 

Queria ser enrolado 

Na maciez da lã 

Agraciado por um fã 

Depois de uma canção,

 

Queria receber

 

No gosto ou paladar 

No gesto acalentador 

Cumprindo minha missão,

 

João Rodrigues

 

1983

Ano que vem 

Quero estar com meu bem 

Se tudo der certo 

Ano que vem 

Vou estar com meu bem,

 

Ano que vem 

Sei que eu estarei 

Com o meu bem 

Eu sei Se tudo der certo,

 

Só no ano que vem 

Eu estarei com meu bem 

Só nós dois sem ninguém 

Isso no ano que vem,

 

Mas ainda não tenho ninguém 

Que estará comigo 

Se tudo der certo

Assim será meu bem,

 

Quem será o meu bem,

 

João Rodrigues

 

 

1984

A minha casa 

Desejo do mundo inteiro 

Seu abrigo pra viver 

Ver seu filho nascer 

E ter onde ficar,

 

A minha casa 

Um mundo dentro do mundo 

Onde todos são abrigados 

Lugar único de alguém 

Com seus entes queridos,

 

A minha casa 

Ouço muitos gritarem 

Com força de um guerreiro 

Quem manda aqui sou eu 

Esta é minha casa,

 

A minha casa 

Todos querem ter 

Uma casa pra viver 

E assim poder dizer 

A minha casa,

 

João Rodrigues

 

1985

Nasci depois de ti 

Te conheci com alguém 

Senti ciúmes de ti 

Ali vi que te amava 

Pois já sonhava contigo 

Sem saber aonde estava,

 

Agora que te encontrei 

E já está comprometida 

Não vou realizar meu sonho 

Tenho que mudar de vida 

Vou procurar outro alguém 

Pra te dar o meu amor,

 

Sei que não vai ser fácil 

Esquecer-me de ti 

Pois quanto que já sofri 

Antes de te conhecer 

E depois de tudo isto 

Sei que vou padecer,

 

Se eu pudesse ao menos 

Te chamar de amor 

Eu seria tão feliz

 

João Rodrigues

 

1986

Seu olhar para mim 

É pura verdade 

Pois sinto que o amor 

Vive em seu olhar 

Pois quero sempre ter 

Seu olhar em meu amor, 

 

Quando levanto e vejo 

Você olhando pra mim 

Descubro-me pra viver 

O seu intenso carinho 

Que com seu olhar 

Não estou sozinho, 

 

Na verdade o amor 

Está no olhar 

Pois só se ama alguém 

Após o lindo olhar 

Que agrada o coração 

No peito a palpitar, 

Com meu olhar te vejo 

Comovida de paixão 

Parece possuída 

De desejo e emoção 

Tudo pelo olhar 

Que nasce do coração,

 

João Rodrigues

 

1987

Um pedido para mim 

Quero sim 

Pedir ao Senhor 

Uma bênção para mim,

 

Se for possível 

Me de de novo a razão 

Pra eu poder ganhar o pão,

 

Quero viver

Com o suor do meu rosto 

Bem distante do desgosto,

 

Um pedido para mim 

Mande a sorte pro meu lado 

Diminua o meu pecado,

 

Se não for pedir muito 

Dá pra alegrar os meus dias 

Me dê boas companhias,

 

Faça eu ver Quem é do bem,

 

João Rodrigues

 

1988

Casa da vergonha 

Casa do horror 

Casulo de esconder 

No escuro a viver 

Sem ninguém entender 

Combinado de maldade,

 

Ovário de vermes 

Feios e fedidos 

Filhos de bandidos 

Oráculo do inferno 

Oco da podridão,

 

Vazio da injustiça 

Véu que envolve 

Vidas para o mal,

 

Isto aconteceu 

Independente viveu,

 

Muitos em lamentos 

Lamentos até o fim...

 

João Rodrigues

 

1989

Pode deixar comigo 

Eu sei o que faço 

Não tenho medo 

Sou o melhor,

 

Saia da minha frente 

Sou eu quem manda 

É a minha vez Sou o melhor,

 

Espere aí Quero falar 

Ninguém me ouve 

Estou perdido 

Fui o melhor,

 

Que vida dura

Não sou ninguém 

Nem o que tenho 

Fui o melhor,

 

O que fiz 

Não vou fazer,

 

João Rodrigues

 

1990

Enquanto no seu castelo 

Ouve o piano tocar 

Pelas mãos da atriz 

Que te chama de amor 

Eu aqui na masmorra 

Morrendo de tanta dor,

 

Enquanto você senhor 

Dono de tudo que quer

 

Coberto de glória e poder 

Não se cansa de amar 

Eu aqui na masmorra 

Não me canso de penar,

 

Enquanto em suas noites 

De festa e alegria 

Com seus amigos poderosos 

Nos bailes de fantasia 

Eu aqui na masmorra 

Assombrada e fria,

 

Enquanto em seus planos 

De mostrar o seu poder,

 

João Rodrigues

 

1991

Abra a porta 

Pode me deixar entrar,

 

Sou seu amigo 

Posso contigo cear,

 

Obrigado amigo 

Mesmo assim sem abrir,

 

Vou te deixar ai 

Não quero te incomodar,

 

Adeus se me escuta 

Vivendo na escuridão,

 

Com quem se parece 

Se não se vê no espelho,

 

Não deve nem ter olhos 

Só deve ter o lugar,

 

Que bom para você 

Assim não pode chorar,

 

João Rodrigues

 

1992

Multidões de perdidos 

Bois soltos e vencidos 

Num curral lamacento 

Em um balão sem vento 

De fome tristeza e dor

 

Sertão cruel sem anel 

No dedo do defensor 

Corrupto e corruptor 

Banhando no mesmo no 

Na mesa o prato vazio 

Na ausência do doutor

 

Diploma comprado 

Feito no ventre de alguém 

Cargo encomendado 

Depois da eleição.

 

Uns não sabem de nada 

Outros não podem falar 

Só lhes resta continuar 

Por um rumo sem prumo 

Em multidões

 

João Rodrigues

 

1993

Venha comigo

Vamos viver nossas vidas 

Vamos seguir nossa estrada 

Vamos andar,

 

Vamos seguir um caminho 

Que podemos escolher 

Vamos deixar de sofrer 

Vamos amar,

 

Vamos ser compreendidos 

Por onde for um sorriso 

Vamos sair do abismo 

Vamos cantar,

 

Vamos fazer a canção 

No jogo de existência 

Sem importar com o medo 

Sem ter segredos,

 

Vamos meu amor 

Vamos levar conosco 

O preço de liberdade,

 

João Rodrigues

 

 

1994

Sempre em dúvida ele vai 

De porta em porta batendo 

A procura de trabalho 

A fim de ganhar o pão 

O sustento da família 

E a fatia do leão,

 

Chega a um que não lhe serve 

Vai pro outro que está fechado 

De tanto andar pela rua 

Seu sapato está furado 

À noite chega em casa 

O seu aluguel atrasado,

 

Nem consegue dormir 

Desentende com a mulher 

Quando ele vai procurá-la 

Pra satisfazer a vontade 

Porém não consegue nada 

Numa noite atormentada,

 

O dia chega muito cedo 

Ele sai a procurar 

Como um cão perdido,

 

João Rodrigues

 

1995

Labirinto perdido 

Unidade de confino 

Na escuridão do destino 

Grades de um sistema 

De teias ali trançadas 

Fechando a estrada 

Agora compreendida 

Por alguém competente 

Reservado ao poder,

 

Desde a sua criação 

Que maldição 

Nunca vai acabar 

Pois eternamente 

No tempo 

Está à disposição...

 

Para servir o doutor 

A coisa feia

 

Otário e cheio de pompas 

Brutal em suas decisões 

Rude senhor de gravata

Estacionado no tempo,

 

João Rodrigues

 

 

1996

Sol que vive entre as nuvens 

Sem brilho como a lua 

Sem sentido no destino 

Sem realização,

 

Estrada curta que chega 

Esburacada e perdida 

Escola de depravados 

Escória de safadeza,

 

Meretriz de incompetentes 

Matilha de usurpadores 

Muralha de incerteza 

Matança de inocentes,

 

Eu quero distância 

Sim, muita distância 

Pra não penar 

Na pena dura 

De levar a minha vida 

Na ilusão 

Até um dia...

 

João Rodrigues

 

1997

Antes que passa 

Procure saber 

Para não perder 

A salvação,

 

Qual è sua fé 

Mas se não tem 

Pense em quem 

Possa te dar,

 

Pois se perder 

A nave santa 

A sua banca 

Chegará ao fim,

 

Vamos seguir 

Andar num caminho 

Sorrir em fim 

Por ai,

 

Está disposto 

Assuma o posto 

Em sua glória,

 

João Rodrigues

 

1998

Dono do vácuo 

Senhor dos montes 

Rei do vazio Invencível,

 

Dono da força 

Senhor da distância 

Rei sem clemência 

Suave,

 

Dono do dia 

Senhor das noites 

Rei dos abismos 

Lá nos confins 

Brutal,

 

Meu companheiro 

Sempre comigo 

No meu abrigo 

Aliviando 

A minha dor,

 

No teu furor 

O meu desejo,

 

João Rodrigues

 

 

1999

Anda sempre por ai

Interpretando alguém 

Sem importar no que dá 

Se desgosto ou alegria 

Fantasma do sonho da vida 

Que nos leva,

 

Eu para muitos sou você 

Coberto de muita razão 

Sou como o entardecer 

Como a noite e a escuridão 

Sou um coração malvado 

Que nos leva,

 

E quando sinto que sou 

Vejo tudo diferente 

Uns correm de mim 

Com semblante assombrado 

São verdadeiros fantasmas 

Que me deixam assustado,

 

De tantos fantasmas 

O mundo está diferente 

Vejo fantasmas tristes,

 

João Rodrigues

 

 

2000

Um dia eu irei

Com quem não sei 

Sei que vou pro além 

Não quero nem poder querer 

No além não se quer 

Nem se vê o que querer,

 

É diferente daqui

Sem luz ou escuridão

Sem miséria e humilhação 

Sem razão

Sem nada mais além 

Lá é o além,

 

Ali ninguém chora ou reclama 

Não tem mágoa nem tem drama 

Do mundo de incertezas 

Do além, além,

 

Pois é o além Além de tantas tristezas

Além para mim é verdade 

Que se apaga a maldade 

Que muda a realidade,

 

João Rodrigues

 

2001

Estou farto de saudades 

Desde que você se foi 

Sei que foi pra longe 

Viver no mundo do além 

Lugar pra onde você foi 

E que nunca vai voltar,

 

A saudade é confiante 

Por saber o que se deu 

Mas procuro entender 

Os momentos que tivemos 

Nos alegres eu prefiro 

Pra não me entristecer,

 

De onde estiver se puder 

Peço desculpas por tudo 

Mesmos nos momentos mudos 

Que fiquei a chorar 

Quando algo estava errado 

Sem eu poder te falar,

 

Quero dizer adeus 

E até te pedir perdão 

Quanta saudade,

 

João Rodrigues

 

2002

Ali vejo o que se foi 

Ali vejo o que foi meu 

Ali vejo quanto vivi 

Ali vejo meu fim 

Meu triste fim 

Bem ali,

 

Ali gritam de dor

Ali clamam sem fim 

Ali choram por mim 

Ali vejo meu fim 

Meu triste fim 

Bem ali,

 

Ali todos estarão

Ali contarão vitórias

Ali ouço as histórias 

Ali não tem saída

Ali vejo meu fim 

Meu triste fim

Ali vejo meu fim 

Meu triste fim 

Bem ali...

 

João Rodrigues

 

2003

Tudo no mundo tem fim 

A estrada e o viver 

A angústia e a saudade 

A saúde e o sofrer

 

Tudo no mundo tem fim 

Da riqueza e da pobreza 

Da verdade e da mentira 

Da dúvida e da certeza,

 

Tudo no mundo tem fim 

A sorte e o azar 

A alegria e a tristeza 

A bênção e a maldição,

 

Tudo no mundo tem fim 

Contudo para quem vê 

O seu próprio fim chegar 

Pois tudo no mundo tem fim,

 

Tudo no mundo tem fim 

Até o fim do mundo 

Um dia chegará ao fim,

 

João Rodrigues

 

2004

Sou como o sol

Que brilha no horizonte 

Sou como o azul do monte

Como nuvens a vagar

Sou como a luz

Que vaga no imensidão,

 

Sou como o sorriso

De uma inocente criança

Como um pouco de esperança

Sou o desejo de ter

Sou como um olhar 

Que vaga pra onde não vê,

 

Sou como o pacto

Entre a vida e a morte

Sou como o azar e a sorte

Sou como qualquer final 

Sou como a fé

Que vaga de mente em mente,

 

Sou como o vento

Que vai pra qualquer destino 

Sou como o som do sino,

 

João Rodrigues

 

2005

Tenho vergonha de ver 

Tenho vergonha de ser 

Tenho vergonha de ter 

Mas que vergonha que tenho 

Quanta vergonha,

 

Morro de tanta vergonha 

Vergonha só de pensar 

Pura vergonha que tenho 

De não poder ter 

Porque tenho vergonha,

 

Só me resta a vergonha 

Vergonha até de olhar 

Para não me ver chorar 

De tanta vergonha,

 

Pura vergonha 

De tanta gente 

Sem vergonha,

 

Sei que é só vergonha 

Nada mais do quê vergonha 

Saber de tanta vergonha,

 

João Rodrigues 

 

2006

A incansável esperança 

Ela é a última a morrer 

Es tu esperança 

Sempre esperei você 

Mas nada mais do que esperar 

A chorar, chorar, chorar,

 

Sabendo que um dia 

Quando menos esperar 

Vai chegar o tal momento 

Do que espera tocar 

E em seu peito contente 

Repleto de esperança 

Puro e sem vingança,

 

Em seu semblante se vê 

Um ar de fantasia 

Que se mistura ao viver 

No pensamento sem parar 

Uma nova esperança chega 

Sem ao menos esperar,

 

É na completa esperança 

Que realizamos os sonhos,

 

João Rodrigues

 

 

2007

No pasto eu vejo 

Lindos novilhos pastando 

Vejo pássaros voando 

Aliviando a tenção

Buscando no bolo o pão 

Vejo no pasto eu vejo,

 

No rastro eu vejo 

A suavidade da fera 

Se escondendo na relva 

À procura do seu pão 

Vejo no rastro eu vejo,

 

No grito que ouço 

De um avisando o outro 

Vamos fugir um instante 

Pra vida continuar 

No grito eu ouço,

 

No medo eu sinto 

Que tudo tem o seu fim 

Vejo que o valentão 

Chora ao sentir dor 

No medo eu sinto,

 

João Rodrigues

 

2008

O pescador contente 

Quando pesca o seu pão 

Na água fria o vivente 

Surge na emoção 

De um desejo sem fim 

Entre a sorte e a razão,

 

Uns morrem para ceder 

O direito de viver 

Aos que te venceram 

Na fria guerra do poder 

Uns de escravizar o ser 

Até o seu semelhante,

 

Daí que nasce a guerra 

Sem nenhuma compaixão 

Vence talvez o melhor 

Conforme a sua invenção,

 

O mundo foi sempre assim 

Uns ganhando outros perdendo 

Uns nem sabem o que fazem 

Nem outros o que estão fazendo

 

João Rodrigues

 

2009

Tem de fazer acordo 

Somente para escrever 

Pois falam com seus sotaques 

Difícil de entender,

 

A língua que leva a fala 

Na mente o entendimento 

Mas tem de ter acordo 

Difícil de entender,

 

O que tem a ver tal coisa 

Se em nada vai mudar 

Cada um tem o seu jeito 

Difícil de entender,

 

Coisa de gente 

Para saber tem que ser 

Gente entre gente 

Difícil de entender,

 

Mas entendo que 

O que de cada um 

É um que sem pra que 

Difícil de entender,

 

João Rodrigues

 

2010

Uma história pessoal 

De alguém que brilhou 

Num cenário infernal 

Longe da paz e amor,

 

O filho de um povo 

Explorado sem razão 

Nas mãos dos estrangeiros 

Longe da paz e o amor,

 

Preso por muitas vezes 

No cárcere da escravidão 

Imposta por estrangeiros 

Longe da paz e o amor,

 

Depois de muitas batalhas 

O povo o elegeu 

Como chefe da nação 

Trazendo a paz e o amor,

 

A fome foi combatida 

Até nos confins do sertão 

Cada um que recebia 

Um bocado no cartão,

 

João Rodrigues

 

2011

Ela é nossa presidenta 

O povo a elegeu 

Uma mulher para mandar 

O fato aconteceu,

 

Ela é nossa presidenta 

Uns falavam assim 

Uma mulher vai mandar 

O fato aconteceu,

 

Ela é a nossa guerreira 

Uns falavam a chorar 

Uma mulher vai mandar 

O fato aconteceu,

 

Ela é a nossa esperança 

Muitos assim afirmavam 

Agora uma mulher que manda 

O fato aconteceu,

 

Ela é a nossa força 

Parecia tudo mudar 

Uma mulher vai mandar 

O fato aconteceu,

 

João Rodrigues

 

2012

Talvez o desejo de muitos 

Contudo não aconteceu 

For para quem morreu 

O mundo não acabou,

 Noticias vinham de longe 

Assustando os inocentes 

Uns vendiam o que tinham 

O mundo não acabou,

 Quanta ignorância 

De um povo insensível 

Acreditar no que dizem 

O mundo não acabou,

 Podemos viver conscientes 

De que o tempo é assim 

Só Deus sabe do fim 

O mundo não acabou,

 Vamos assim continuar 

Agradecendo a Deus 

Com sua infinita bondade 

O mundo não acabou,

 

João Rodrigues

 

2013

Cuidando de mim 

Vi assim cada um 

Dos seres que um dia 

Deus me confiou,

 

É muito difícil dizer 

Com nada pode comparar 

Ver perto de você 

Quem Deus te confiou,

 

Repleto de alegria 

Cada momento vivido 

Ao viver o dia a dia 

Com quem Deus te confiou,

 

É uma soma sem fim 

De quadros de emoção 

É uma festa que vivemos 

Com quem Deus nos confiou,

 

Sorria agora comigo 

Jamais apaga o sorriso 

Na face de alegria 

De quem Deus nos confiou,

 

João Rodrigues

 

2014

Tudo bem por aqui 

Coisas piores já vi 

Guerras que assisti 

Mas tudo bem por aqui

 

Tudo vi nesta vida 

Pois tanto tempo na lida 

Poucas lembranças perdi 

Mas tudo bem por aqui,

 

Tudo bem, eu sei 

Em que errei e acertei 

Fiz mais certo do que errado 

Tudo bem por aqui,

 

Tudo bem gente, tudo bem 

Esta é a existência 

No viver com consciência 

Fica tudo bem por aqui,

 

Tudo bem para mim 

Sei que ainda não é o fim 

Podemos continuar 

Está tudo bem por aqui,

 

João Rodrigues

 

2015

Meus olhos estão te vendo 

Nesse século que vive 

Desejo ainda mais que viva 

Vida com alegria,

 Meus olhos estão te vendo 

Quanto foi árdua a batalha 

Desejo agora porém 

Vida com alegria,

 Meus olhos estão te vendo 

Nos seus as suas conquistas 

Desejo ainda mais que tenha 

Vida com alegria,

 Meus olhos estão te vendo 

O teu sorriso contente 

Desejo com toda certeza 

Vida com alegria,

 Meus olhos querem chorar 

Ao ver os seus brilhando 

Como uma estrela nos céus 

Com sua eterna alegria,

 

João Rodrigues

 

2016

Nada

Não tenho o que dizer 

Grande é minha emoção 

De poder estar aqui 

E te dizer como vai,

 Não tenho o que dizer 

Nem voz para bradar 

De poder estar aqui 

E te dizer tudo bem!

 Nem sei o que dizer 

De poder estar aqui 

E te dizer que bom,

 Nem sei o que dizer 

Contudo posso dizer 

Que me orgulho de ti,

 Nem sei o que dizer 

Mas digo sim 

O que seria de mim 

Sem você,

 Nada poderia dizer,

 

João Rodrigues

 

2017

No acaso

No acaso por acaso

Agente esquece 

Só se lembra padece 

Ao viver por acaso,

 No acaso por acaso

Eu vi os caso 

Me fez lembrar por acaso 

Como foi aquele caso,

 No acaso por acaso 

A saudade me tocou 

Me lembrei do nosso amor 

Que foi apenas um caso,

 No acaso por acaso 

Se aonde estiver ver o sol 

Fale do nosso caso 

Mesmo que for no ocaso,

 No acaso por acaso 

Quem não teve um caso 

Prepare para o seu caso 

Que acontece por acaso,

 

João Rodrigues

 

2018

Outro Dia

 Pode até ser ilusão,

Contudo eu vi passar

Naquele filme que vi

Uma criança a chorar

 Pode até ser ilusão 

No entanto eu pressenti 

Naquele filme que vi 

Uma criança chorar

 Pode até ser ilusão 

Mas senti que era real 

No filme de minha vida 

Aquela criança a chorar

 Podia até ser ilusão 

Sei que agora é real 

O filme me retratava 

Naquela criança a chorar

 Podia até ser ilusão 

Tudo que aconteceu 

Sei que o filme sou eu 

Daquela criança a chorar,

 

João Rodrigues

 

2019

Aonde Estiver

Pode ser aqui ou ali, 

Nos céus

 Na terra

Ou no mar

No canto quente do peito

Que vive a palpitar

Mas aonde estiver

Nos céus

Na terra

Ou no mar

No olhar distante no tempo 

Que nunca pode esperar 

Mas aonde estiver

Nos céus

Na terra

Ou no mar

Eu sempre vou te amar.

 

João Rodrigues

 

2020

Meu adeus

Não tive muita atenção

Parecia não entender

O que estava acontecendo

Ao ver indo pro chão,

 Pois foi

Num estreito espaço 

Cavado ali no chão,

 Pessoas se despediam

Sem nenhuma alegria

Olhavam ali pro chão,

 Não contestei

Não tinha mais o que falar

Pois não teria resposta,

 Ela foi viver com Deus

Deixando o mudo silêncio

Se despedir dos seus,

 Nada mais para dizer

Só quero dizer assim

Adeus Ana.

 

João Rodrigues